domingo, 31 de outubro de 2010

O epílogo

Agora que Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, é preciso fazer uma breve análise dos governadores eleitos agora. 


            - Distrito Federal: Agnello Queiroz (PT)
            - Goiás: Marconi Perillo (PSDB)
            - Alagoas: Teotônio Vilela Filho (PSDB)
            - Paraíba: Ricardo Coutinho (PSB)
            - Piauí: Wilson Martins (PSB)
            - Pará: Simão Jatene (PSDB)
            - Amapá: Camilo Capiberibe (PSB)
            - Rondônia: Confúcio Moura (PMDB)
            - Roraima: Anchieta (PSDB)

Desses nomes, nada menos que quatro serão futuros opositores ao governo federal. Porém, só um, Marconi Perillo, terá força para dificultar a ação do PT, devido à força de seu estado, Goiás. Os demais comandarão estados cuja economia os forçará a negociar com Brasília. Vale ressaltar a derrota dos Roriz no Distrito Federal para o petista Agnello Queiroz, o que será muito bom para a Dilma (para o Brasil, talvez, porque os Roriz saíram finalmente do poder mas quem vai comandar o coração do Brasil é um petista).

Entre os governadores já eleitos no primeiro turno, recapitulemos:

Acre Tião Viana PT
Amazonas Omar Aziz PMN
Mato Grosso Silval Barbosa PMDB
Mato Grosso do Sul André Puccinelli PMDB
Tocantins Siqueira Campos PSDB
Maranhão Roseana Sarney PMDB
Ceará Cid Gomes PSB
Rio Grande do Norte Rosalba Ciarlini DEM
Pernambuco Eduardo Campos PSB
Sergipe Deda PT
Bahia Jaques Wagner PT
São Paulo Geraldo Alckmin PSDB
Minas Gerais Antonio Anastasia PSDB
Rio de Janeiro Sérgio Cabral PMDB
Espírito Santo Renato Casagrande PSB
Paraná Beto Richa PSDB
Santa Catarina Raimundo Colombo DEM
Rio Grande do Sul Tarso Genro PT

Dilma terá facilidade na maioria dos estados, mas enfrentará forte oposição de estados importantíssimos, como Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo, potenciais freadores dos impulsos petistas.

No Congresso recém-formado, Dilma terá maioria confortável para aprovar seus projetos. Como eu já escrevi em post anterior, a maior parte da Câmara e do Senado é formada de partidos aliados do PT (isso inclui o PP e o PMDB, partidos notórios pelo adesismo):




O que os gráficos não dizem é que a maior parte dos futuros oposicionistas estão nos Estados mais influentes e de maior poderio econômico. Logo, a vida da futura presidente não será assim tão fácil.

Ainda mais com a atuação do Judiciário, que contribuiu para o governo não cair totalmente na ilegalidade e impõs vários revezes ao Executivo (e, como Dilma não tem a mesma força e carisma de Lula, ela não terá outra saída a não ser acatar o STF quando este julgar inconstitucionais determinadas atitudes dela). E a imprensa, o quarto poder, responsável pelas denúncias dos vários casos de corrupção nos últimos oito anos. Sem falar na complexidade da nossa sociedade, que não vai aceitar um regime como o de Chávez ou de Evo Morales, os "muy amigos" de Lula.

O Brasil vai sobreviver a Dilma? Com certeza. Agora, se o governo da futura dama-de-ferro tupiniquim vai ser um sucesso, não é possível sequer especular. Apenas depois, e muito depois, do dia primeiro de janeiro de 2011. 

O dia da bruxa

A protagonista do Halloween brasileiro (charge de Quinho, do A Charge On-Line). 

Estamos no dia das bruxas!

Ou no dia do saci, como querem os nacionalistas. Mas, neste ano, o símbolo mais adequado é a bruxa mesmo. 

Mesmo porque vamos ter de aturar uma delas por quatro anos. E não há Inquisição que resolva isso. Ela nem precisou usar de sortilégios para ganhar, e sim a ajuda de seu partido, o PT, e do presidente da República, Lula, que a apoiou ostensivamente desde o início da campanha.

Com isso, a primeira mulher a se tornar presidente da República terá tempo para mostrar que não é só um produto de marketing fabricado pelo PT, como aparenta ser. Ela vai ter de tomar decisões  importantíssimas para o Brasil, a respeito das reformas política, eleitoral, tributária, educacional e da saúde. Deverá lidar com as exigências de seus aliados, principalmente o PMDB, cujas reivindicações nem sempre estão de acordo com as possibilidades do Orçamento. Precisará tomar posição a respeito da competitividade da economia brasileira, pois disso depende a capacidade de gerar empregos de qualidade. Terá de decidir se vai continuar com a política algo conivente com a corrupção ou se conterá a cupidez de certos "companheiros" para melhorar a imagem do governo. Cada gesto seu fará diferença em sua popularidade e na imagem do governo brasileiro diante da opinião pública nacional e internacional. Tudo isso longe de seu tutor, Lula.

José Serra até que tentou, e conseguiu um número de votos superior ao que dizem a maioria das pesquisas. Até o momento,Serra estava com cerca de 44,5%, contra 55,5% de Dilma.

No próximo post vou comentar a apuração nos Estados.

Chegou o momento

Para quem não aproveitou o feriadão para viajar, só resta uma saída. Interromper o descanso por alguns minutos, deslocar-se até a seção eleitoral e votar. 

Pois feriadões ainda vão haver, e o mais próximo é daqui a duas semanas. Além disso, temos mais dois dias de folga depois que tudo estiver definido. Se omitirmos o voto agora, não escolhemos o candidato da nossa preferência. E o risco de estragar este feriadão, caso o(a) candidato(a) não vencer, pode ser alto, devido à frustração. 

Pior: estaremos deixando de escolher quem vai substituir nada menos do que Lula, o presidente da República que fez história neste país tanto pelo que ele representa (o primeiro presidente de origem operária do Brasil) quanto por suas ações, boas ou más (a consolidação da estabilidade econômica e o aumento do poder de compra dos mais humildes contrastando com o grande inchaço do Estado e casos gritantes de corrupção política). 

Logo, a cidadania deve prevalecer sobre o prazer hedonista de um feriado. 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mais um trabalho para o STF

Nunca na história desse país, parafraseando novamente o presidente Lula, o STF chamou tanto a atenção. 

Novamente, precisaram julgar mais um "ficha suja", o senador eleito do Pará Jader Barbalho. Eles já julgaram o caso Roriz, também um "ficha suja" - segundo as denúncias, que não conseguiram ou não souberam mostrar provas cabais contra ele - e ao contrário daquele caso Jader foi derrotado. 

A votação foi de 5 a 5, e entre os votos contrários à interdição de Jader estavam os do presidente do STF e do famigerado (pelo menos na visão do PT, que sempre quer doutrinar os outros) Gilmar Mendes, que fez duras críticas ao projeto ficha limpa, chamando-o de casuísta.  Para resolver o impasse, Celso de Mello, um dos que votaram a favor de Jader, resolveu mudar o voto. E o projeto "Ficha Limpa" segue adiante, valendo para este ano. 

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Paul (2008-2010)

A vida dos polvos e outros cefalópodes é realmente muito curta, de fato. E isso ficou realmente provado para os não-estudiosos de zoologia, quando o grande personagem da Copa 2010, o polvo vidente Paul, morreu, com menos de 3 anos de idade. Se um humano vivesse esse tempo, mal passaria da primeira infância, mas para um polvo, não é pouco, pois eles vivem no máximo pouco mais que esta idade (na natureza, um polvo terá sorte se completar o primeiro ano de vida sem topar com tubarões e outros predadores, ou se não morrer de fome).  

O polvo Paul nasceu de um ovinho do tamanho de um grão de arroz em 2008, num aquário inglês, e cresceu depressa, antes de ser transferido para a Alemanha. No mesmo ano, já era um animal adulto e começou a exercer sua "profissão" de vidente, acertando boa parte das previsões dos jogos da Alemanha na Eurocopa. Está certo que foi errar logo no jogo final, quando a Espanha venceu e faturou o título, mas ele ficou célebre no seu país que o abrigou até o fim de seus dias. 

Foi há pouco mais de 3 meses que o molusco inglês naturalizado alemão se tornou famoso no mundo inteiro ao acertar todas as previsões da Copa, isto é, todos os jogos da Alemanha e mais a final, quando a festa foi de holandeses e espanhóis. Por causa dos acertos, a Espanha cogitou dar um abrigo final para o octópode. Ironicamente, um lugar onde muitos apreciam um polvo, mas cozido numa panela.

Teve pouquíssimo tempo para usufruir da fama. Agora, ele faz parte da História. E estão pensando até em construir um santuário (rsrsrs... acreditem, se quiser) em seu nome. Seu corpo será cremado.  

O polvo Paul prevendo a derrota da Alemanha para a Espanha, tudo o que a pátria de Brecht não queria ver.

O polvo Paul vai deixar saudade, mesmo no Brasil. Não se pode dizer o mesmo da Copa 2010 em si, após a atuação canhestra da seleção de Dunga.

O cúmulo da voracidade

Já fiz uma postagem sobre este assunto (ver "O eterno problema dos impostos", postado a 31 de agosto) e volto a fazê-lo agora.

Se o Estado brasileiro convertesse 30% dos impostos que arrecadava em benefícios para a população, boa parte dos problemas dos brasileiros seria definitvamente amenizada. Haveria mais escolas, creches, hospitais, rodovias, ferrovias, tudo de boa qualidade. Isso se houvesse uma aplicação decente do dinheiro arrecadado, o que nem de longe acontece e não vai ocorrer assim tão cedo (50 anos, talvez...). 

30% dos impostos equivale a R$ 300 bilhões, uma soma de fazer inveja para o Bill Gates. Ou seja, o governo do sr. presidente Lula já arrecadou, na tarde de hoje, a bagatela de R$ 1 TRILHÃO, ou seja, o número 1 seguido de 12 zeros. É pouco? 

Parece duro de acreditar, e é. A coisa fica um pouco mais compreensível, embora menos aceitável, se consultarmos a postagem de 31 de agosto, quando o impostômetro mostrado denunciava a bagatela de pouco mais de R$ 806 bilhões. Agora vou mostrar um outro impostômetro, este no mundo real e não na Internet.

O painel, situado na r. Boa Vista, no centro de São Paulo, onde se concentram muitos bancos, pertence à Associação Comercial de São Paulo. Ele pode ser consultado pessoalmente. Aqui está a foto (fonte: UOL): 


E não se fala em reforma tributária. Nenhum dos dois candidatos tocou direito no assunto, e, a esta altura, no final do segundo turno, nem em sonho.

sábado, 23 de outubro de 2010

As revistas militantes

Podem argumentar que, nos EUA ou na França, isso é feito. Mas é uma prática feia a das revistas de informação semanal de São Paulo: Veja e IstoÉ, para alavancarem as vendas, fazem o papel de porta-vozes de campanha. Vejam as capas disponíveis nos respectivos sites (www.veja.com.br e www.istoe.com.br): 




A revista Veja é a maior do país e não é por acaso, devido à competência da equipe da Editora Abril. Mas sempre foi criticada por reportagens muitas vezes tendenciosas e conservadoras, expressando opiniões que não raro são impertinentes. Desde o começo do governo Lula faz oposição cerrada, chegando até a insinuar, certa vez (em 2005), que o Brasil estaria ficando mais "burro" por causa das ações do governo do líder petista. É a voz dos tucanos na campanha eleitoral. 

Já a revista IstoÉ foi sempre a maior rival da precedente, apesar de sua tiragem não chegar nem à metade. Gosta de alardear sua independência, mas ultimamente anda fazendo o papel de porta-voz dos petistas. Será apenas para fazer rivalidade à Veja

As duas andam fazendo uma cobertura bem parcial dessas eleições. A Veja destaca os escândalos da equipe de Dilma e a IstoÉ faz a mesma coisa em relação a Serra. E nenhuma delas faz o devido esclarecimento dos escândalos dos candidatos que apóiam de forma despudorada.

É preciso fazer uma leitura crítica dessas duas revistas e não se deixar influenciar por nenhuma delas. Claro que jornais e revistas têm o direito, como todo cidadão, de expressar o que pensam. Porém, como formadores de opinião, precisam ser muito criteriosos. Ou não formarão leitores, e sim militantes de um ou outro partido.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Os maias estavam certos?

Escrevi em certo post aludindo ao calendário maia e sua suposta previsão sobre o fim do mundo ser em dezembro de 2012.

Por tudo o que está por acontecer, como terrorismo, superpopulação, falência de valores morais, tudo indica que o 'armaggedon' está aí. E o próximo governante do Brasil não vai colaborar em nada para evitar esse estado de coisas, mesmo porque não estão pensando a longo prazo, só na eleição do dia 31 deste mês. 

Mas o que motiva este post é a notícia da morte de um rapaz que ficou dez meses em coma após um incidente estarrecedor. Um celerado o agrediu com golpes de taco de beisebol numa livraria em plena Avenida Paulista, sem motivo justificável e nenhuma provocação por parte da vítima. A família de Henrique de Carvalho Pereira tinha esperanças, até o fim, de que ele se recuperasse, mas ele acabou partindo desse mundo insano. 

Gente com problemas mentais pode se encontrar em qualquer lugar, mas nem todos são capazes de tamanha abominação. O problema é não saber quem tem esse tipo de distúrbio, porque muitos dissimulam muito bem. E quanto mais o planeta caminhar para uma superpopulação, com cidades inchadas e incapazes de sustentar tanta gente, mais dementes surgirão. Estamos à mercê de ataques como estes. Todos nós.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

31 de outubro vai ser dia das bruxas mesmo!

Não dá para acreditar em nada do que as campanhas presidenciais andam falando. Parece que os dois lados têm um gosto pela farsa e pelo embuste. 

No post anterior, denunciei a falta de compostura dos partidários da Dilma Rousseff, ao agredir o candidato do PSDB José Serra. Após eu ter publicado a minha opinião, o presidente Lula ainda chamou o episódio de 'farsa', supostamente inventada pelos tucanos. Isso é uma postura mais de um chefe de quadrilha do que de um estadista. 

Houve, sim, agressão a José Serra!

Não quer dizer que o pessoal da campanha do tucano seja formado de anjos. Muito pelo contrário. Também os tucanos não souberam controlar alguns correligionários que queriam jogar bexigas cheias d'água na Dilma. 

É pedir demais fazer uma campanha decente, marcada por propostas concretas, respeito ao adversário e à inteligência do eleitor? De início, parece que os adversários estavam se candidatando a algum cargo eclesiástico, tal a convicção pela defesa da vida e contra o aborto (que, diga-se de passagem, é sim um crime contra a vida). Mas estamos num estado laico, segundo a Constituição, e pregar temas religiosos de forma tão hipócrita, com o único fim de angariar votos, é fazer a Carta em pedacinhos. Os dois lados fizeram isso descaradamente. 

Agora o nível da campanha baixou de vez com o entrevero entre os correligionários que resultou nessa troca de acusações, os serristas acusando o PT de agredir Serra, e o Lula pessoalmente dizer que tudo não passava de farsa. 

Darei graças a Deus quando isso terminar. O dia 31 de outubro - Halloween, segundo o folclore dos países de língua inglesa (EUA, Grã-Bretanha, Austrália, Irlanda) - nunca pareceu tão adequado para um segundo turno de uma eleição. As bruxas andam à solta e vão fazer a festa nesse dia.

Baixaria até quando?

Diante do espetáculo eleitoral onde sobram alianças (de pouco interesse ao país) e faltam propostas sérias, um outro fato acabou virando destaque: a agressão de militantes do PT a José Serra, que foi atingido com um objeto na cabeça. Especula-se que fosse uma bandeirola do PT ou um rolo de adesivos da candidata de situação, Dilma Rousseff. 

Ainda que a direção do partido dito dos trabalhadores tivesse lamentado o triste evento, os brasileiros que deploram a violência estão constatando, estarrecidos, um nítido retrocesso durante o período eleitoral, onde os partidários usam o típico argumento dos sem-argumento, isto é, partem para agressões covardes e injustificadas. 

Isso lembra as primeiras eleições após a ditadura, quando o Brasil foi corroído por anos de arbítrio e negligência. Em 1989, partidários de Leonel Brizola, então candidato à presidência, agrediram seguidores de Fernando Collor de Mello. Dias depois, foi a vez das antigas vítimas da agressão partirem para a pancadaria. 

Assim como naquela época, os dirigentes dos partidos são, sim, no mínimo omissos quanto a essas mostras de falta de civilidade e nítida aversão ao espírito democrático. E, com certeza, muitas pessoas vão pensar melhor em quem votar. 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O que eles realmente vão fazer?

 Quem vai ganhar? Um deles. Quem disse o que realmente vai fazer? Nenhum deles.

O Brasil precisa realmente seguir o caminho do desenvolvimento e do progresso, e o que se vê na campanha do segundo turno não parece ser favorável a isso. 

Temos muitas propostas que parecem amparadas demais aos dogmas das religiões, não só o catolicismo mas também o neo-pentecostalismo crescente no Brasil. Nada contra as religiões, mas atrelar a política à religião é um retrocesso digno do século XVII. 

Está faltando também mais ênfase às conquistas obtidas nos últimos 16 anos, quando o Brasil emergiu de um traumático período de trevas (1964-1992), isto é, os governos militares, de José Sarney e de Fernando Collor, onde a liberdade foi cerceada e foi restabelecida num período inflacionário que corroeu o dinheiro e forçou a adoção de políticas econômicas tanto inúteis quanto prejudiciais à Nação. Depois, seguiu um período de transição, marcado pelo governo Itamar Franco, até chegarmos a um período mais favorável, o atual. Neste período, a inflação foi controlada, a educação melhorou (mas precisa ainda melhorar muito), o Brasil foi adquirindo respeito internacional (aos trancos e barrancos, diga-se) e houve grandes avanços na área tecnológica (apesar de uma falta de uma política para estimular a tecnologia nacional). O Brasil teve motivos para se orgulhar de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luís Inácio da Silva (Lula).

Dilma Rousseff ainda não mostrou o que vai realmente fazer. Ela foi chefe da Casa Civil, ou seja, adquiriu experiência administrativa nos últimos anos, mas ainda está longe de alcançar o currículo de José Serra, ministro da Saúde, prefeito da cidade de São Paulo e governador paulista. Continua atreladíssima a Lula, e não se sabe se vai conseguir administrar um país tão complexo (e complexado após 510 anos de história) sem o seu grande mestre. 

Por outro lado, Serra ainda não perdeu o jeitão elitista e, em carisma, perde não só de Lula, mas também de FHC, e empata com Dilma neste ponto. Ele ainda está fazendo promessas para tentar atrair os eleitores de baixa renda e se atrelando a questões como o aborto (assim como a rival petista). Mas não tocou no assunto das reformas (política, previdenciária, trabalhista, estrutural), e isso um eventual governo do PSDB poderia fazer, já que o PT provou não mostrar o devido interesse nelas. Pelo menos os tucanos têm mais interesse nas reformas e não os fizeram no governo FHC porque havia a presença de ACM, Jáder Barbalho, José Roberto Arruda e outros coronéis da política no governo, e agora eles estão, em boa parte, afastados da política (ACM, definitivamente, pois faleceu em 2007). Só restam Renan Calheiros e Collor, além de outros parlamentares (talvez o Tiririca?) para atrapalharem,

Repito a pergunta: O QUE ELES REALMENTE VÃO FAZER? Parece que só vão responder ao longo do seu mandato, ou seja, da forma mais tradicional (e pior) do Brasil.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O fim do drama dos mineiros chilenos


Mario Gomez (acima; fonte: Reuters) e Victor Zamora (abaixo; fonte: AFP), dois dos mineiros que renasceram após 69 dias presos numa mina de cobre a 622 m da superfície

Após 69 dias passando por privações e a mais de 600 m enterrados no subsolo, desde que foram soterrados na mina de cobre San José, em Copiapó, no deserto do Atacama, os mineiros agora estão em processo de salvamento. 

É uma história com muitos heróis. A equipe de salvamento, os técnicos e engenheiros que construíram os túneis de resgate (foram três no total, e só um deles chegou até os soterrados, aproveitando o poço previamente construído para fornecimento de alimentos e remédios), e também o sistema improvisado de 'elevadores', e principalmente os 33 mineiros que resistiram estoicamente à falta de luz e oxigênio, à insalubridade do minúsculo ambiente onde estavam, à umidade. Tiveram de racionar alimentos e remédios, que eram fornecidos na quantidade possível para eles pelo poço. 

A força de vontade desses 33 homens é impressionante. Psicólogos, médicos e até mesmo religiosos formularam explicações para isso. 

Muitos aproveitam para criticar uma suposta "espetacularização" do salvamento dos mineiros, já que as cenas estão sendo ostensivamente transmitidas para o mundo inteiro, mas é perdoável por não se tratar da exploração da desgraça alheia, e sim o fim desta.

No decorrer deste post, o vigésimo segundo mineiro deve estar a caminho da superfície. Deus ampare a todos os envolvidos neste salvamento.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aí vem o Bope de novo

A onda da 'Tropa de Elite' voltou, graças ao lançamento do segundo filme, estrelado não pelo capitão, mas pelo coronel Nascimento. 

Vai haver outra vez aquela profusão de bordões do Bope, a tal 'Tropa de Elite' do Rio de Janeiro: 'Pede pra sair', 'Moleque', 'Faca na caveira', etc., etc. 

O filme não é para quem quer se distrair com uma história leve. Tem violência, tiroteio e cenas de tortura. Efeitos especiais hollywoodianos, dignos de um trabalho americano parecido (o famigerado 'Os Mercenários') para irritar os defensores do cinema como arte. E desta vez os inimigos não são apenas os traficantes, e sim as milícias e os políticos corruptos. 

Por causa do enfoque político, muita gente vai achar que o segundo "Tropa" é ainda mais fascista do que o primeiro. E muitos vão querer proclamar o Capitão, digo, Coronel Nascimento como presidente do Brasil (isso não passa de brincadeira, já que é impossível). 
O coronel Nascimento de "Tropa de Elite 2", vivido por Wagner Moura

Independente da polêmica, isso mostra o vigor do cinema brasileiro. Porém, o país ainda espera por um trabalho realmente consistente, digno de receber o Oscar de melhor estrangeiro. Pois muitas produções ainda são tão deprimentes que merecem, por outro lado, o Golden Raspberry (Razzie) Awards (o anti-Oscar), único prêmio satírico que o Brasil ainda não recebeu (os outros foram o igNobel e o Darwin Awards, ganhos em 2008). Como já escrevi anteriormente, 'Lula, o Filho do Brasil' merecia o Razzie, e não o Oscar.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Não houve vez para a maioria das celebridades

 Netinho foi muito votado para senador, mas não o suficiente para conseguir a vaga. Ele engrossou a lista de celebridades que quebraram a cara.

A grande maioria dos 'famosos' que tentaram uma boca livre nos cargos públicos quebrou a cara nas eleições de 3 de outubro. 

Vejam os números: 

Deputado estadual
- Wagner Montes (PDT-RJ) - 528.628 votos - ELEITO
- Leandro do KLB (DEM-SP) - 62.398 votos - FORA
- Roberto Dinamite (PMDB-RJ) - 39.730 votos - ELEITO
- Maria Zeferina Baldaia (PSDB-SP) - 37.814 votos - FORA.
- Bebeto (PDT-RJ) - 28.328 votos - ELEITO
- Myriam Rios (PDT-RJ) - 22.169 votos - ELEITA
- Ademir da Guia (PPS-SP) - 17.196 votos - FORA.
- Georgette Vidor (PPS-RJ) - 15.320 votos - FORA. 
- Reginaldo Rossi (PDT-PE) -14.934 votos - FORA
- Gaúcho da Fronteira (PTB-RS) -13.667 votos - FORA
- Juca Chaves (PR-SP) - 13.217 votos - FORA. 
- Simony (PP-SP) - 6.993 votos - FORA
- Maguila (PTN-SP) - 2.951 votos - FORA 
- Mulher-Melão (PHS-RJ) - 1.631 votos - FORA
- Rebeca Gusmão (PCdoB-DF) - 437 votos - FORA.
- Dhomini ex-BBB (PR-GO) - 0 voto (foi impugnado por alguma razão, logo está FORA).

Deputado federal
- Tiririca (PR-SP) - 1.353.367 votos - ELEITO (sem comentários)
- Darnlei goleiro (PTB-RS) - 173.787 votos - ELEITO
- Romário (PSB-RJ) - 146.859 votos - ELEITO
- Stephan Nercessian (PPS-RJ) - 84.006 votos - ELEITO
- Renner da dupla Rick & Renner (PP-GO) - 76.410 votos - FORA.
- Leandro do KLB (DEM-SP) - 62.398 votos - FORA.
- Marcelinho Carioca (PSB-SP) - 62.395 votos - FORA.
- Popó (PRB-BA) - 60.235 votos - FORA.
- Agnaldo Timóteo (PR-SP) - 25.172 votos - FORA.
- Batoré humorista (PP-SP) - 23.042 votos - FORA.
- Vampeta (PTB-SP) - 15.300 votos - FORA.
- Jean Willys ex-BBB (PSOL-RJ) - 13.018 votos - ELEITO
- Tati Quebra-Barraco (PDT-RJ) - 1.052 votos - FORA.
- Mulher-Pêra (PTN-SP) - 0 voto (provavelmente foi impugnada).

Senador
- Netinho de Paula (PSB-SP) - 7.772.927 votos - FORA.
- Waguinho pagodeiro (PTdoB-RJ) - 1.295.946 votos - FORA.
- Moacyr Franco (PSL-SP) - 411.642 votos - FORA.


Não adiantou nada usar a fama para querer um cargo que eles acham ser privilegiado. A maioria da população rejeitou a capacidade de aparecer na tevê ou nos shows, preferindo a experiência política. E é bom que seja assim, pois eles, que geralmente nunca foram políticos antes, fatalmente iriam engrossar o chamado "baixo clero", ou seja, a massa sem expressão que pensa mais em como gastar seu salário do que na população.

A voz do povo

Falaram por ai que a Dilma já seria eleita no primeiro turno, com respaldo em todos os institutos de pesquisa, com exceção, até certo ponto, do Datafolha. Os partidários do PT imaginavam que a vida deles seria fácil. Mas boa parte dos brasileiros discordaram. 

Pela vontade das urnas, vai haver segundo turno. O PT de Dilma não se livrou de José Serra, o candidato do PSDB. Apesar de toda a sua campanha errática, sem rumo definido, Serra chegou lá, graças aos votos dos estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima e, principalmente, São Paulo. 

Os candidatos-celebridade, em sua maioria, vão voltar para casa, despertados do sonho de virar deputado. Realizaram parte do plano, aparecer na televisão dia sim, dia não e usar a fama. Mas as urnas rejeitaram nomes como Marcelinho Carioca, Vampeta, Kiko do KLB, as mulheres-fruta (Mulher Pera, Mulher Melancia) e outros. Só ficaram alguns, como Romário, Wagner Montes e o grande Tiririca. O palhaço, com seus quase 1,4 milhão de votos, vai participar do circo do Congresso. Ah! E o Netinho... queria ir para o Senado, junto com a Marta. Ficou de fora. O candidato do PSDB, Aloysio Nunes, não só derrotou o pagodeiro como ficou em primeiro lugar, apesar das pesquisas mostrarem que ele não teria chance, principalmente quando a campanha eleitoral começou.

Paulo Maluf, Renan Calheiros, Joaquim Roriz, Garotinho (o deputado mais votado do Brasil fora o Tiririca) e outros nomes ainda mostraram força em seus cantos eleitorais. Ainda não será desta vez que foram banidos da política, mas isso não pode deter o progresso do Brasil. E Maluf pode ser barrado, pela lei do Ficha Limpa. Entretanto, outros nomes como Collor foram derrotados.

 Estes simpáticos senhores vão continuar na disputa pelo cargo mais poderoso do Brasil

Nesse ambiente todo, quem for governar o país não terá muita tranquilidade. Dilma vai ter de conviver com o fato de estados importantes como São Paulo, Minas Gerais e Paraná serem governados por oposicionistas. Geraldo Alckmin, por exemplo, vencedor com pouco mais de 50% dos votos válidos, é também um dos maiores adversários do PT. Por outro lado, Serra encontrará resistência no Nordeste, onde quase todos os governadores são aliados do PT, sem falar na bancada do Congresso, onde há muita gente da coligação aliada da Dilma: PT, PR, PC do B, PSB... sem falar no PMDB, mas ele poderia aderir a Serra se ele for eleito, pelo histórico desse partido. 

Dia 31, os brasileiros votarão de novo para presidente. Até lá, haverá muitos fatos. O único deles que é certo, mesmo, será a mudança de horário (o horário de verão... ARGH!).

domingo, 3 de outubro de 2010

O dia da votação

A votação está em curso no País e, por enquanto, não é possível prever nada. Só as urnas dirão. 

Votei logo cedo e não havia filas na minha seção. Também não havia as bocas de urna que infestavam as ruas em tempos passados, embora as calçadas estivessem atulhadas de papéis com anúncios de candidatos. 

No próximo post, vou me manifestar a respeito da apuração e quem ganhou ou perdeu nestas eleições. 

sábado, 2 de outubro de 2010

Um conselho

Não quero fazer proselitismo político para este ou aquele candidato. Muito pelo contrário. Quero que os brasileiros votem de acordo com suas próprias convicções e não se deixem influenciar por promessas fáceis. 

EM HIPÓTESE ALGUMA imaginem que votar numa figura excêntrica, ainda que devidamente registrada para se candidatar a alguma coisa, é um voto de protesto contra a atual situação política. Cuidado. Já abordei esse pessoal e eles, conforme publicado em veículos sérios da imprensa e da Internet (sim, existem jornais e sites sérios neste país), explicam a manobra ardilosa de certos donos de partido de colocar um monte de trastes para serem eleitos, aproveitando a onda dos cacarecos (é o "quociente eleitoral", uma fórmula para vincular o número de votos das figuras bizarras com a de mensaleiros, sanguessugas e outros algozes da nação).

Também NÃO VOTEM em alguém só porque ele promete fazer o que outra pessoa faz. São o caso de apadrinhados políticos de caciques, coisa ainda muito comum por aqui. 

Votem pensando no que eles podem fazer de fato, e não os donos das propostas mais maravilhosas, daquelas dignas de contos de carochinha.

Evitem votar pensando em alguma vantagem imediata. Pois a tendência humana, e não só dos políticos, é querer obter o máximo de vantagens pessoais e só cumprir suas obrigações quando se virem forçadas a isso, seja por imposição de alguém, ou pela própria consciência. Os exemplos mais folclóricos são aqueles que votam em alguém por um par de sapatos ou por um empreguinho qualquer. Coisa do tempo do voto de cabresto, no século passado. 

Procurem se informar a respeito do seu candidato, para não se arrependerem depois. A despeito das críticas, é a intenção da lei da Ficha Limpa orientar os eleitores, para dizer quais candidatos são suspeitos de ter cometido algum crime (embora não haja provas concretas contra a maioria desses nomes, logo eles são, teoricamente, inocentes). 

Desconfiem de qualquer candidato que prometa acabar com as várias chagas sociais deste país num passe de mágica, porque isso é ESTELIONATO POLÍTICO. 

Enfim, exerço o direito de expressar a minha opinião sobre esta eleição, para o Brasil sair realmente renovado, para melhor, após o resultado das urnas eletrônicas. 

Bom voto, aos que leram este artigo.