quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Orgulho e vergonha de fevereiro

Este blog não vai indicar o "orgulho" e a "vergonha" nacionais depois do Carnaval, e excepcionalmente vai adiantar a selagem. 

Como é praxe, o Orgulho Nacional vai para uma pesquisadora que recebeu o prêmio da Academia Alfred P. Sloan de astrofísica, por suas pesquisas sobre a expansão do Universo tendo por base imagens de grandes telescópios e o estudo das ondas gravitacionais emitidas por corpos celestes longínquos. A capixaba Marcelle Soares-Santos, de 37 anos, é formada em astrofísica pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e recebeu US$ 70 mil. Vale destacar o esforço e a dedicação, somadas às dificuldades ainda enfrentadas pelas pessoas negras no Brasil. 

Marcelle Soares Santos pesquisa há anos as ondas gravitacionais na Nacional Science Foundation, nos Estados Unidos; ela é a única brasileira da entidade (Reidar Hahn/Fapesp)

Agora a "Vergonha" iria para Paulo Preto, ex-presidente da Dersa acusado de corrupção milionária nas obras do Rodoanel, que deveria estar pronto há cinco anos mas até agora está inacabado, mas ele foi condenado a 27 anos de prisão, em primeira instância, e portanto ele se torna hors concours. Havia a opção de "selar" o time sub-20 da Seleção Brasileira, pela "proeza" de ficar fora do Mundial, mas existem várias pessoas mais merecedoras de serem consideradas "Vergonha Nacional", como o presidente do Flamengo Rodolfo Landim, que ousou considerar o incêndio no Ninho do Urubu como mero acidente, e foi acusado por advogados de mentir sobre o pagamento de indenizações. 

O ex-executivo da OGX, quando ela era presidida por Eike Baptista, ganhou a eleição para a presidência do Flamengo em 2018; agora, vai ganhar o selo da "Vergonha" por sua atuação na tragédia do Ninho do Urubu, onde pereceram 10 jovens; ele não foi o causador, pois o descalabro vem das gestões anteriores de Patrícia Amorim e Eduardo Bandeira de Mello, mas tratou o incêndio como uma mera "fatalidade"

N. do A.: Não é possível selar nenhum ministro do governo atual. Damares Alves (Mulheres, Família e Direitos Humanos) é autora de opiniões estranhas;  Sérgio Moro (Justiça) resolveu "pegar leve" com o crime de "caixa 2", antes considerado mais grave do que corrupção, nas palavras dele em 2017; Ricardo Vélez Rodrigues (Educação) queria filmar os alunos cantando o Hino Nacional, e isso é inconstitucional; e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), cuja atuação ficou facilmente ofuscada pelas atitudes do vice-presidente Hamílton Mourão, e por isso ele não pôde fazer um alinhamento mais subserviente com os Estados Unidos no caso da Venezuela. Ministros de Estado são altas autoridades do país, e como tais são considerados hors concours, não podem ser marcados com nenhum dos dois selos. 

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