sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Precisamos falar sobre cultura. De novo!

Estamos vivendo tempos amargamente estranhos. Não basta a pandemia e suas trágicas consequências sociais e econômicas, ainda temos outros aspectos capazes de nos questionarmos sobre nosso futuro como civilização. 

Um dos principais é a valorização da cultura. E nosso país é acusado de não ter um mínimo de apreço por ela. 

Temos mais uma edição do BBB, verdadeira mina de ouro para a Globo e para a Endemol. 

Temos um presidente com nível de educação considerado abaixo da crítica. Nem mesmo Lula, menos escolarizado, foi tão achincalhado pela capacidade de produzir verdadeiras asneiras e boçalidades. O presidente Bolsonaro faz questão de desprezar as regras de civilidade e se entrega com afinco à arte de insultar chulamente quem ele considera seus inimigos e fontes de aborrecimento. Tudo para se fazer entender pelo povo, sem se meter à besta!

Temos memória curta, a ponto de esquecermos o incêndio no Museu Nacional, verdadeira tragédia ocorrida em 2018. Até agora não fizeram uma investigação, e corremos o risco de ver algo semelhante repetir-se. 

E ainda temos influenciadores com a coragem (ou será a insolência) de questionar a leitura de Machado de Assis e Álvares de Azevedo. O youtuber Felipe Neto - ele, mais uma vez! - disse que esses autores do século XIX não são para adolescentes, devido à linguagem ser muito distante do cotidiano. Valorizar a literatura nacional é algo consagrado nos países considerados civilizados. Ler os clássicos é próprio das mentes saudáveis, e o contato com os livros dos autores do passado não só reforça o vocabulário como ainda faz o leitor aprender muito sobre os costumes de diversas épocas. Felipe Neto tem o direito de opinar sobre tudo, mas também deve assumir as consequências de fazer isso sobre assuntos que julga conhecer, mesmo sendo confrontado galhardamente pelos fatos. 

Felipe Neto envolve-se em várias polêmicas, e por isso é alvo de várias críticas (Divulgação)

Precisamos valorizar nossa cultura, e temos bons exemplos disso, mas infelizmente os maus exemplos tomam espaço na mídia. Em breve, haverá uma postagem, talvez mais, para mostrar iniciativas positivas. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Dilema

Estamos prestes a iniciar o ano letivo, mas a Justiça atendeu a um pedido de liminar feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e suspendeu as aulas presenciais. 

Caímos então no risco de judicializar a questão do ensino, sem resolver o dilema: 

Abrir as escolas para as crianças e adolescentes retomarem o aprendizado, algo fundamental para as suas vidas e para o futuro do nosso país

ou

Impedir que eles frequentem as aulas por serem vistos como vetores, muitas vezes assintomáticos, do coronavírus, ameaçando pais e avós idosos ou com comorbidades?



N. do A.: O autor deste blog defende a volta das aulas, obedecendo todos os protecolos de segurança nas escolas - algo não tão fácil de ser implementado, para muitos locais. 


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Oxigênio para Manaus

Infelizmente não dá para fugir do assunto "COVID-19", quando se tem 220 mil mortes e 9 milhões de casos, dos quais 1 milhão está sofrendo agora com a doença. 

Em Manaus, os hospitais estão em colapso, e pacientes são transferidos para outros Estados, por falta de vagas. Muitos deles padecem por alta de oxigênio. 

Houve muita repercussão das doações do gás feitas pelo governo venezuelano, mas dentro do Brasil várias empresas e pessoas estão fazendo o mesmo, desde empresários como Luciano Hang (o tal "Velho da Havan") até celebridades como Luan Santana. 

Independente de serem ou não ações de marketing, esses cilindros de oxigênio são um alívio para os doentes dessa pandemia terrível.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Briga feia entre dois astros da Globo nos anos 80 e 90

Carlos Vereza e Mário Gomes trocaram rusgas pesadas, devido a uma suposta gravação feita pelo último da conversa entre os dois sobre política. O ex-ator da Globo e antigo galã dos anos 1980 e 1990 teria feito críticas a João Dória e Luciano Huck, e seu ex-colega, também famoso nas novelas da emissora carioca da mesma época, os teria defendido. A tal gravação, se verdadeira, foi publicada. 

Por isso, Vereza disse que entrará com processo judicial contra Gomes. É um entrevero impensável em outros tempos, quando havia mais tolerância com as divergências, e se as antigas revistas de fofocas estivessem em circulação, alguém teria a reputação muito comprometida. 

Mário Gomes também foi assunto dos burburinhos alheios ao ser acusado de ter enfiado uma cenoura em local indevido, quando estava no auge da fama. Mas isso é outro assunto. 


As divergências políticas chegaram às raias da bandalheira entre dois atores veteranos e conhecidos do grande público (Divulgação)


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Da série "Notícias para encher página de portal da web", parte 4

Um geólogo da equipe liderada pelo explorador Mike Bowers encontrou, em Soledade, Minas Gerais, uma rocha de quartzo azul, minério relativamente comum, mas, ao fatiá-lo, descobriu um formato estranho em sua secção transversal, como se fosse um personagem de seriado infantil. Neste caso, o Cookie Monster do Vila Sésamo, algo apreciado por saudosistas que infestam o mundo. 

A semelhança do mineral com o monstrinho é bem peculiar (Divulgação)


A rocha já foi vendida, pela bagatela de US$ 10 mil. Há quem ache que eles ainda podem faturar alguns outros bilhões de dólares (do Zimbábue) se forem lembrados pelo próximo IgNobel, o de mineralogia. Mas o pessoal responsável pelo anti-Nobel provavelmente vai se ocupar de coisas mais bizarras, como a estranha fixação de certas pessoas pela hidroxicloroquina como tratamento para a COVID-19 (que já matou mais de 217 mil brasileiros e acometeu outros 8,8 milhões - dos quais 7,8 milhões já estão recuperados). 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Outro vírus asiático para ameaçar a humanidade?

Com uma história semelhante à do famigerado novo coronavírus, o Nipah, parasita de morcegos frugívoros, está preocupando os tailandeses e os epidemiologistas.

Por enquanto, ele é transmissível de animais para humanos, mas caso vier a sofrer mutações para passar de uma pessoa para outra, teremos uma nova pandemia, talvez mais mortífera. A infecção pelo Nipah possui um tempo de incubação relativamente longo (45 dias) e a letalidade é estimada em 40%. Seus sintomas assemelham-se aos da COVID-19, com dificuldades para respirar, tosse e encefalite (inflamação no cérebro). 

Esta doença não é exatamente nova: já matou muitas pessoas no Sudeste Asiático, principalmente Tailândia e Camboja, mas também em Bangladesh e mesmo na Índia. 

O Nipah causou surtos no final do século XX e início do século XXI, na área em roxo. Existem também outras infecções provocadas por outro vírus semelhante, o Hendra, também parasita de morcegos (Divulgação/Wikipedia)

Enquanto o vírus Nipah e seu aparentado, o Hendra, parasita temido na Austrália e no leste da Indonésia, não tomarem o mesmo caminho do coronavírus, as infecções ficarão restritas às áreas com morcegos frugívoros. 

A devastação do habitat onde vivem esses mamiferos alados os forçam a migrar para áreas habitadas pelos humanos. Esses locais passam a ser fontes de contaminação, graças às fezes e urina desses animais voadores.  

Os morcegos frugívoros também são acusados de serem hospedeiros do novo coronavírus, ao lado dos pangolins e outros animais vendidos nas feiras chinesas, onde as condições de higiene sempre foram precárias. Impedí-los de ficarem em áreas urbanas é um desafio, ainda mias com a perda florestal. Todavia, exterminá-los só vai criar novos problemas, pois eles são importantes dispersadores de sementes. 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Aplicativos do Android com utilidade questionável

Quem utiliza telefone com sistema Android já deve estranhar alguns aplicativos estranhos. Às vezes, há a oportunidade de testá-los, mas não funcionam como deveriam. Outros até que funcionam, mas são versões gratuitas de programas pagos e não muito mais eficientes. Por fim, há os aplicativos perigosos, capazes de prejudicar o usuário com malwares

Há maluquice para tudo. Eis algumas utilidades: 

- Transformar o celular em caneca para chope

- Fazer o usuário cuidar de seres estranhos como mascotes, desde criaturinhas aborrecidas até mesmo objetos inanimados, como pedras

- Emitir sons de alta frequência para fazerem cães pararem de latir (alguns garantem seu funcionamento, de acordo com a propriedade dos animais ouvirem sons acima de 20 kHz, inaudíveis aos seres humanos)

- "Microscópio" ou "lupa". 

- Emissor de raio-X. 

- Proteção contra vírus (muitos deles são, na verdade, portas de entrada para isso). 

- Turbinar a internet fornecida pelo plano de telefonia móvel. 

- Traduzir o ganido do seu cão, o ronronar do seu gato ou o borbulhar do peixinho no aquário.

- Desfragmentar a memória de armazenamento (isso só funciona em discos rígidos de computador!)

- Fazer a bateria recarregar por meio de chacoalhadas. 

- Detector de mentiras (Que ironia! Não há mentira maior do que programas assim...)

Antivírus para Android: alguns desses acabam trazendo mais problemas do que soluções


E por aí...

Em troca, o usuário ganha mais aborrecimentos, como aguentar anúncios chatos e invasivos, às vezes indecorosos (tal como vender algo para aumentar o pênis). No final, o programa só ocupa espaço precioso na memória, e o usuário vai precisar gastar um pouquinho do seu tempo para desinstalar o aplicativo. Tudo na esperança de aumentar a utilidade de celulares velhos ou aqueles comprados a suaves prestações mensais. Não são poucos aqueles que procuram alguma panaceia, do tipo vacina com 100% de eficácia (nem aquela contra varíola, doença que nem existe mais, chegava a isso), ou simpatia para tirar a sorte grande e ganhar na Mega Sena. Parece ser este o público-alvo para esses programas fajutos. 



N. do A.: A inundação de aplicativos brasileiros com o perfil descrito acima parece refletir a cultura do "jeitinho" nos usuários de Android (existem muitos outros para iOS, também), e os desenvolvedores estão aproveitando esse vasto mercado. Por falar em "jeitinho", foram flagrados casos de pessoas fora do grupo de risco tentando "furar a fila" para tomar a vacina contra a COVID-19. Não há doses suficientes para todo mundo, apenas para profissionais de saúde e idosos, mas muitos deles ficam sem oportunidade por causa dos metidos a espertinho, muitos deles pensando que a vacina trará efeitos imediatos como um milagre, para dar "superpoderes" contra o coronavírus na noite seguinte, durante as festas com aglomerações e sem máscaras.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Fim de uma "era" e começo de outra

Donald Trump deixou de ser o presidente dos Estados Unidos, prometendo voltar ("I'll be back some time!"). Joe Biden, em cerimônia marcada por certa tranquilidade e pela ausência de Trump, passa a ocupar o cargo. 

Joe Biden faz o juramento como o presidente número 46 dos Estados Unidos, ao lado da mulher, Jill (Reuters)

 

Até o começo da pandemia, o ex-presidente parecia ser um caso relativamente bem sucedido de outsider, apoiado pelos setores mais radicais do conservadorismo norte-americano. A economia ia bem, o desemprego era baixo, e os Estados Unidos passaram a dificultar a acelerada expansão da China, de onde surgiu a terrivel praga. Graças à péssima gestão da crise sanitária, a trajetória econômica da maior potência mundial sofreu uma grande alteração, e a dívida pública, já muito alta no final de 2019 (mais de US$ 23,2 trilhões), saltou para US$ 27,7 trilhões. 

Este é um dos desafios a serem enfrentados pelo novo governo, que prometeu colocar os Estados Unidos de volta aos acordos mundiais, como o de Paris, referente à crise climática provocada pelos desequilíbrios ambientais no planeta. O novo presidente ainda vai precisar enfrentar o expansionismo das ditaduras chinesa e russa, e tentar pacificar uma nação onde mais pessoas tomaram posições políticas extremadas, a ponto de cometerem atos anti-institucionais (como a invasão do Capitólio no último dia 6).

Porém, a maior dificuldade será enfrentar a pandemia, que já matou mais de 400 mil norte-americanos. Biden  passou a exigir o uso de máscaras nos próximos cem dias, como parte de suas primeiras decisões como governante, e pretende estimular a vacinação, para combater a praga e fazer a vida dos cidadãos voltar a ser como antes, apesar da desconfiança dos aliados do ex-presidente, que veem Biden como um serviçal da "New World Order", ou NWO, ao lado de Xi Jinping, Emanuel Macron e outros líderes. 

Será um quadriênio diferente do vivido até esta data. É tudo o que se pode dizer, por enquanto. O èxito do novo governo depende de ações ainda para serem tomadas, e é muito cedo para se afirmar algo. 


terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Postagem atrasada

Nada foi postado na segunda, quando havia a repercussão da primeira pessoa oficialmente vacinada no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans, marcando o início do programa de imunização, anteontem, dia 17. Atrasado, como a postagem. 


Mônica Calazans recebeu a CoronaVac, cuja eficácia foi considerada baixa pelos críticos - 50,38% (Nelson Almeida/AFP)


Ao contrário do que virá a ocorrer no blog, o atraso não é inofensivo. Tratá consequências para o Brasil. Para piorar tudo, a falta de insumos vindos da China para a produção das vacinas da Fiocruz e do Instituto Butantan comprometerá seriamente o cronograma, e um número bem menor de aplicações ocorrerá, em relação às projeções anteriores. 

Enquanto isso, o número de mortes continua a aumentar e as pessoas abandonaram os cuidados mínimos para evitar a propagação desta praga. 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Não dá para ter os poderes da Wanda Maximoff

Wandavision estreou no canal Disney +, para abordar melhor os poderes de Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate. A trama inicial é aparentemente uma comédia que parece homenagear a televisão do passado, como aqueles seriados ingênuos que mostram um cotidiano num mar de rosas - A Feiticeira, Jeannie é Um Gênio e outras atrações dos anos 60 que passavam exaustivamente na tevê brasileira nas décadas seguintes (muitos oitentólatras, por exemplo, adoravam assistir esses programas). Mas é algo bem mais sinistro, de acordo com os conhecimentos dos fãs da personagem nos quadrinhos. 

Em Wandavision, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olson) veste o uniforme conhecido pelos fãs dos quadrinhos (Divulgação)

A Feiticeira Escarlate tem vários poderes, e um deles é moldar a realidade. Ela transformou sua vida em algo bem idealizado, longe dos acontecimentos traumáticos mostrados nos filmes da MCU (Marvel Cinematic Universe), nos quais ela foi transformada em uma cobaia nas mãos da Hidra junto com seu irmão gêmeo Mercúrio (o mesmo personagem explorado nos filmes da franquia X-Men), e depois viu o seu irmão ser morto e seu amado Visão - um androide - ser destruído pelo impiedoso Thanos. 

Pois em Wandavision o Visão está "vivo", exercendo seu papel de marido exemplar. Este é o primeiro sinal de manipulação da realidade causada pelos poderes da super-heroína. Graças a isso, ela conseguiu até engravidar do andróide, nos quadrinhos.

Muitos gostariam de ter esse tipo de poder, para acabar com o novo coronavírus e o sofrimento dos pacientes em Manaus sem oxigênio e totalmente desamparados. Ou então para punir quem eles apontam como responsáveis pelo agravamento da pandemia, como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o americano Donald Trump. 

Infelizmente, ninguém, na vida real, é capaz de adquirir os poderes da Feiticeira. Ou melhor, felizmente, pois nos quadrinhos mesmo com tantos dons a personagem não consegue ditar os destinos da humanidade, e ainda possui grande instabilidade emocional, muitas vezes não tendo o menor autocontrole, causando muitos danos em seu entorno. Foi ela, por exemplo, a responsável por acabar com os poderes da maioria dos mutantes (a MCU ainda está tentando formular como introduzi-los nos filmes). Isso prova mais uma vez a tese de "Grandes poderes, grandes responsabilidades", exposta principalmente nas histórias de outro heroi da Marvel, o Homem-Aranha. 

O que aconteceria se alguém conseguisse mudar a realidade e fazer o coronavírus ser contido em Wuhan, ou algum laboratório fazer uma vacina 100% eficaz contra este ou outros vírus como o da AIDS? Bolsonaro conseguir governar sem ser perturbado pela imprensa, ou jamais ter sido eleito em 2018? Trump ser reeleito e dar prosseguimento aos seus planos de, ao seu modo, engrandecer a América, ou ser submetido ao suplício do hanged, drawn and quartering como nos tempos da velha Inglaterra para castigar os "traidores da pátria"? 

Certas coisas só existem na ficção, e não dá para sonhar em mudar isso. 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Redes sociais sob críticas de todos os lados

As redes sociais nunca estiveram tão contestadas. 

Usuários reclamam das novas diretrizes do Whatsapp, sob domínio do poderoso Facebook. Agora os dados pessoais dos usuários serão comparados com os da rede social, sob o pretexto de evitar contas fantasmas. Isso gerou debates sobre privacidade - e isso é algo ilusório desde sempre, pois nossos dados, principalmente localização, por meio do IP, estão sempre à disposição da rede. O problema maior é o aumento do controle do Facebook sobre os usuários para decidir quem merece ou não usufruir de seus serviços. 

Por conta disso, os partidários de Donald Trump estão atacando as grandes corporações da Internet, principalmente as donas das redes sociais, por banirem o presidente dos Estados Unidos sob acusação de incitar a violência. Isso gera um precedente perigoso, pois qualquer um pode ser impedido de usar as redes se defende certos pontos de vista considerados reprováveis, como racismo ou defesa intransigente de certas religiões em detrimento de outras. As chamadas big techs podem tomar medidas draconianas para proteger usuários das ofensas, como se fosse uma espécie de polícia política. Na prática, a liberdade de expressão na Internet fica ameaçada. 

O banimento de Trump e outros usuários vistos como radicais alimenta teorias conspiratórias mais delirantes e paranoicas, enquanto ativistas de causas bem intencionadas acabam por defender a tutela dos administradores de redes sobre as atividades dos usuários, ao invés de garantir a livre circulação de ideias e a autonomia das pessoas sobre como administrar os seus dados e expressar as suas opiniões. Sim, muitos usuários são menores de idade e precisam de orientação, outros são mais suscetíveis às críticas e se ofendem com mais facilidade, e há os menos instruídos e mais crédulos, presas mais fáceis de informações falsas. Contudo, qualquer ato provindo de grupos ou dos controladores das big techs pode e deve ser questionado, para evitar e combater atos discricionários e arbitrários, sufocando a liberdade dos internautas. 

Seria melhor se as redes sociais se preocupassem mais com a segurança de dados dos usuários e menos com o conteúdo destes, pois os divulgadores de vírus e outras ameaças (como os ransonwares e os mecanismos de phishing para golpes financeiros) não devem ser considerados menos perigosos do que as fake news.

Este assunto renderia um artigo muito mais extenso e elaborado, mas o autor deste blog tem outras atividades e não se sustenta com as postagens publicadas neste espaço da internet.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Final brasileira na Libertadores e outros assuntos

Com grande atuação, o Santos conseguiu derrotar o Boca Juniors no jogo de volta das semifinais da Copa Libertadores, e vai à final, enfrentar o Palmeiras, que não repetiu a boa atuação do primeiro jogo contra o River Plate, e quase foi massacrado, não fosse a ação do VAR, que anulou dois pênaltis e um gol feito pelos argentinos (estamos vivendo tempos estranhos mesmo, pois tradicionalmente a arbitragem beneficiava los hermanos nesta competição). A grande final será totalmente brasileira, algo raro, e no Maracanã, para deixar a Libertadores com certa cara de Brasileirão. 

O venezuelano Soteldo (ao centro) fez um dos três gols contra o Boca Juniors; os tradicionais times argentinos foram eliminados pelos brasileiros na semifinal da Libertadores 2020 (Andre Penner/AFP)


Enquanto se fala muito de futebol, no Japão as pessoas não querem saber de Olimpíadas. Cresce a rejeição devido à pandemia e ao risco enorme de prejuízos financeiros. É a escolha de Sofia: não ter o maior evento esportivo, ou ter com estádios e quadras sem torcedores e, provavelmente, sem uso depois dos Jogos. 

Nos Estados Unidos, não se fala em esportes, e sim na votação pelo impeachment de Donald Trump, acusado de incitar a uma "insurreição" e considerado responsável pela maior violência contra as instituições em anos: a invasão do Capitólio. Todos os democratas e oito deputados republicanos votaram contra o presidente, mas isso dificilmente se repetirá no Senado, onde há maioria republicana. 

Em Paris, a cúpula virtual ambiental está ameaçando boicotar a soja brasileira, considerada pela ótica europeia como fruto do desmatamento. Não adianta tentar convencê-los do contrário, como fez o vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão. Emanuel Macron, o presidente do país anfitrião, é desafeto de Jair Bolsonaro, e liderou a cúpula com participação de Joe Biden e de outros líderes, mas não de representantes brasileiros. Em pauta, não só a soja brasileira mas também o risco de desertificação em países da África (região do Sahel) e os efeitos das mudanças climáticas, além dos efeitos da COVID-19. 

Esta doença ainda continua matando muitas pessoas, inclusive no Brasil, onde já fez mais de 200 mil vítimas. A mais recente pessoa ilustre a sucumbir ao mal foi o cacique político de Goiás Maguito Vilela, ex-senador e prefeito licenciado de Goiânia pelo MDB, após ficar internado por quatro três meses. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Ford desativará fábricas no Brasil

Há muito tempo, a Ford, responsável pelo lançamento de carros icônicos no Brasil, como o Galaxie, o Corcel, o Maverick e o Escort, além de sucessos como o Fiesta, o Ka e a Ecosport, ameaçava fechar as fábricas no Brasil, alegando altos custos de produção, problema crônico enfrentado por qualquer empreendedor neste país. Desta vez, com a pandemia e a piora na cadeia produtiva - que já não estava nos melhores dias - a montadora americana vai mesmo cumprir sua promessa. 

A Ford chegou a fabricar no Brasil carros requintados como o Galaxie, entre 1967 e 1983



Serão 5.000 empregos diretos extintos e outros centenas de milhares de trabalhadores ameaçados. Como isso será resolvido?

Caso a empresa realmente sair, outras empresas seguirão o mesmo caminho, agravando o processo de desindustrialização da nossa pátria, um problema abordado neste blog em vários artigos. 

Isso também mostra a decadência de uma montadora pioneira. Ela já perdeu mercados em todo o mundo, e seus produtos raramente repercutem. É raro alguém comentar sobre um carro atual desta marca. O Mustang, um dos ícones mundiais no passado, ainda é produzido, mas é só mais um cupê entre tantos. 

Os resultados ruins vêm de muito tempo. Mesmo antes da pandemia, sofreu com prejuízos gigantescos, principalmente na América Latina. 

Quanto aos brasileiros, sobrará mais desemprego e menos diversificação econômica. As reformas trabalhista e tributária só amenizarão o problema, cuja resolução só virá com a melhoria no ensino e na qualificação da mão-de-obra, algo severamente comprometido pela pandemia atual. 

Caminhamos para ter mais um ano inesquecível, no pior sentido?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O navio dos loucos

O navio dos loucos, também conhecido como a nau dos insensatos, é uma alegoria milenar, citada até por Platão em sua obra A República. Neste navio, existe uma disputa entre grupos tentando guiá-lo, pois o comandante ouve e enxerga mal e seus conhecimentos de navegação são proporcionais às suas capacidades sensorais. A anarquia reina e todos se julgam capazes de levar o navio a um destino certo, mas estão todos à deriva. 

Houve representações desse navio em diversas épocas, principalmente no final da Idade Média e início da chamada Idade Moderna, durante a crise religiosa na Europa. No entanto, a analogia do mundo com esse imenso veículo sem rumo continua valendo, e parece ser ainda mais adequada. 

Grupos continuam querendo ditar os destinos do resto da humanidade, enquanto as autoridades, assim como a maioria, estão sem saber o que fazer ou, pior, estão convictos de sua sabedoria mesmo cometendo falhas conceituais. Nossa espécie parece rumar para um futuro incerto, e se essa trajetória fosse análoga a de um veículo, seria algo como um "movimento browniano", porém ainda mais caótico e difícil de modelar. 

Estamos usando o pouco conhecimento sobre assuntos complexos para opinarmos como se fôssemos donos da verdade. Isso vale para adeptos da "direita", da "esquerda", e também para os que se rotulam de independentes (os "isentões"). Vale para os defensores de vacinas A, B, C ou D, ou partidários de movimentos anti-vacinas. Isso pode se estender a temas como mudanças climáticas ou religiões. E as circunstâncias muitas vezes nos obrigam a tomar uma posição em todos esses temas. 

Superaremos um dia essa incômoda analogia com o navio dos loucos? Isso acontecerá quando a humanidade conseguir controlar o seu próprio destino e apresnder a resolver seus problemas crônicos. Certamente isso levará muito tempo, mesmo se pudermos erradicar a COVID-19, ou qualquer outra doença atual, ou resolvermos adotar posturas moderadas na política, ou aprendermos a resolver conflitos sem o uso da violência. Enquanto isso não acontece, continuaremos a fazer nosso papel de "tripulantes". 

"Stultifera navis", de Sebastian Brant (1494)


quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Três histórias dignas de "Mondo Cane" (SQN)

1. Encontrado um "pé humano" supostamente decepado em estrada do Canadá; depois descobriram ser de um manequim e não de uma mulher vítima de algum crime. (clique AQUI para ler). 

2. Na Inglaterra, uma mulher se assusta com a aparição de um "dedo" na terra; quando ele foi desenterrado, não era de um cadáver, mas parte de uma batata. (clique AQUI para ler). 

Este "dedão do pé" no meio da lama assustou uma mulher na Inglaterra e a fez passar vergonha quando ele foi desenterrado (Caters New Agency)

3. Idosa de Salvador confunde música tocada na Alexa com sons do além e teme estar prestes a morrer (clique AQUI para ler). 

Estas histórias parecem mórbidas, mas na verdade são apenas fruto de confusão por parte das pessoas envolvidas. Logo, poderiam até fazer parte da série "Mondo Cane", mas não foi desta vez que este blog irá mudar de nome. 


N. do A.: Não quero postar mais um artigo sobre a incansável pandemia de coronavírus, que já fez 200 mil vítimas do Brasil e continua a ser tratada de forma confusa pelas pessoas e pelas autoridades. Uma das vítimas fatais mais recentes foi o cantor Genival Lacerda (1931-2021), famoso pelos seus xaxados com letras de duplo sentido, como Severina Xique-Xique e Mate o Veio Mate

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Virou tradição de Ano Novo?

Este blog já publicou citações de notícias bem ruins de começos de ano. Aconteceu no ano passado, e as notícias foram tão nefastas e numerosas (detalhe: a epidemia do novo coronavírus ainda não ganhava espaço na mídia pois encontrava-se apenas em Wuhan) que motivaram mais uma da série "Mondo Cane". Também houve algo semelhante em 2018, sem falar em artigos mais completos para abordar, por exemplo, a tragédia de Brumadinho (janeiro de 2019) e o massacre no jornal Charlie Hebdo (janeiro de 2015). 

O incidente no Capitólio, com insurgentes pró-Trump invadindo o Congresso americano contra o presidente eleito Joe Biden como se não estivessem na maior potência mundial, mas em alguma república da África, foi o mais escandaloso, mas não o único a marcar o começo de um ano que parece já rugir de raiva.

Manifestantes pró-Trump protestam contra a declaração de vitória para Joe Biden no Capitólio (Andrew Beaujon/Washingtonian)

Aqui no Brasil, uma chacina em Salvador matou quatro banhistas, além da repercussão da morte de uma menina de 5 anos atingida por uma bala perdida durante o réveillon no Rio de Janeiro. Isso sem falar no novo aumento dos casos de COVID-19, com mais de 1.200 mortos entre ontem e hoje. Uma notícia mais amena foi o protesto de produtores rurais contra o aumento do ICMS em São Paulo, o chamado "tratoraço". 

No exterior, ainda há o endurecimento da ditadura chinesa e o aumento nas acusações de mortes suspeitas como a do bilionário chinês Lin Qi, envenenado ainda no final do ano passado, e o sumiço do presidente da gigante do e-commerce AliBaba após ter feito uma crítica ao governo chinês, daquelas bem amenas, sobre problemas de gestão. 

Fora isso, os decretos de novos lockdowns na Europa por causa do novo coronavírus, e os ataques de animais selvagens, desde um idoso estraçalhado por um elefante no Quênia, até aparentemente inocentes e fofos esquilos que morderam e feriram com gravidade uma mulher em Nova York. 

E não se pode esquecer da violação ao acordo nuclear por parte do Irã, que quer enriquecer urânio para algo além de combustível para as usinas do país, despertando temores de mais uma guerra no Oriente Médio. 

Certamente a próxima postagem será sobre algo mais ameno, ou será melhor mudar o nome deste blog para "Mondo Cane"...

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Da série "Jumento pergunta, asno responde", parte 3

O presidente Bolsonaro disse algumas verdades duras e desagradáveis ao se referir à crise econômica, dizendo que o país está quebrado e não pode fazer "quase nada". Ele está voltando ao trabalho depois de passar o Ano Novo debaixo dos holofotes, diante de uma multidão na Praia Grande.


Pergunta: Por que o presidente não pode decretar um "estado de exceção" para poder fazer algo?


Respostas: 

a) Por que você não pergunta algo menos escroto, como por exemplo sobre o porquê do Palmeiras ter vencido o River Plate por 3 a 0 na semifinal da Libertadores? (*)

b) Porque ele espera dar o troco em 2022 contra esses antipatriotas! Mito! Mito!

c) Porque o Bolsonaro não quer satisfazer masoquistas como o idiota que fez a pergunta. Mas ele bem que está querendo...

d) Porque o presidente é um democrata e não quer arruinar as instituições. 

e) Pergunte isso para o Olavo de Carvalho ou para os filhos do presidente, pô!


(*) EEEEIII! De novo alguém respondendo uma pergunta com outra pergunta! 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

2021 tem tudo para ser melhor do que 2020!

Simplesmente porque é muito dificil para um ano ser pior do que 2020. 

O ano velho deve ser lembrado como um aprendizado para nós, pois nos forçou a ter resiliência. Alguns tiveram a prudência de pensar nas consequências de seus atos, por estarmos lidando com uma doença perigosa e com alto contágio, a COVID-19. 

Agora ele está morto. E nós estamos vivos, para enfrentar 2021. 

De acordo com este rabisco esta charge, 2020 foi enterrado pelos coveiros de Gana, que fizeram sucesso com o "meme do caixão" e foram consagrados no finado ano