Esta é o penúltimo artigo da série "Filósofos estudam o Brasil", abordando pensadores dos séculos XX e XXI, alguns influentes até hoje.
Jurgen Habermas (1929-), representante atual da "Escola de Frankfurt" (Gorka Lejarcegi/El País) |
Hannah Arendt (1906-1975) |
Comecemos pela polêmica Escola de Frankfurt, acusada de ser uma corrente do marxismo, sendo dissidentes dos pensadores tradicionais, acusados de serem meros porta-vozes dos regimes comunistas existentes. Eles fazem fortes críticas ao totalitarismo, mas seu alvo principal é o capitalismo e a sociedade de consumo, com base nas teorias de Marx, Hegel e Max Weber (1864-1920), um dos maiores sociólogos do século XX. Também defendem a progressiva reformulação dos métodos educacionais, para a quebra de paradigmas e o desenvolvimento da consciência crítica, razões pelas quais são combatidos pelos tradicionalistas. Os principais nomes são Theodor Adorno (1903-1969), Herbert Marcuse (1898-1979) e Max Horkheimer (1895-1973).
Entre os filósofos vivos, pertence à Escola de Frankfurt o mais influente deles, Jürgen Habermas, notório crítico da Internet, defensor da diversidade cultural e do fortalecimento da União Européia. Nascido em 1929, está com 92 anos e suas opiniões repercutem entre os meios acadêmicos, não só na Alemanha, mas em outros países como o Brasil. É o autor da Teoria da Ação Comunicativa, valorizando ações concretas com base nos meios de comunicação em massa.
Os discípulos da Escola de Frankfurt são acusados de fomentar ideologias "estranhas" aos costumes brasileiros, como a de gênero, e são críticos de qualquer corrente de pensamento que se afaste do socialismo ou da social-democracia - especialmente os defensores do presidente Jair Bolsonaro.
Outro filósofo muito estudado, porém combatido, é Michel Foucault (1926-1984), o autor de As Palavras e as Coisas, onde ataca os métodos de comunicação como instrumento de poder, as prisões, a repressão sexual.
Também tratou desse problema o austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), mas ele não foi um panfletário como os outros. Ele foi discípulo do positivismo e do idealismo do século XIX, sendo também matemático e estudioso da linguagem, vendo-a como uma ferramenta fundamental para a difusão do pensamento, em obras como Tractatus Logicum-Philosophicus.
Entre os estudiosos da filosofia política, destaca-se Hannah Arendt (1906-1975), a já citada discípula de Martin Heidegger e uma das maiores críticas do marxismo e das ditaduras, em obras como A Origem do Totalitarismo. Ela fugiu da Alemanha por ser judia e estabeleceu-se nos Estados Unidos. Ao analisar o comportamento de Adolf Eichmann, criminoso de guerra nazista executado em Israel conhecido por se considerar um funcionário exemplar e cumpridor escrupuloso das ordens de Hitler, ela adotou o termo "banalidade do mal".
Também muito conhecida e valorizada pelo pensamento liberal e conservador foi Ayn Rand (1905-1982), criadora da corrente de pensamento conhecida como objetivismo, rejeitando a influência sobrenatural no pensamento, que deve se ater à racionalidade pura. Ela é conhecida pelo romance A Revolta de Atlas, onde defendeu as liberdades e a ação individual, contra o autoritarismo e o marxismo.
Nenhum desses pensadores concordaria com a aparente aversão ao pensamento notada em disseminadores de mentiras pelas redes sociais, e o empobrecimento no teor das discussões política, reduzido a um amontoado de conceitos rasos e mal compreendidos, usados pelos defensores de causas, em quaisquer matizes.
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