Já faz alguns dias que a Escola de Comunicações e Artes da USP, a ECA, tem em seus quadros a primeira professora trans (de transgênero), Dodi Leal, do Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas.
Ela possui licenciatura em Artes Cênicas pela mesma faculdade onde esta lecionando, e também bacharelado em Ciências Contábeis pela FEA, prédio quase vizinho, separado pela Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues. Fez mestrado na FEA, com ênfase em Educação e Pesquisa, e doutorado em Psicologia Social, fazendo estágio doutoral na Universidade de Coimbra, de acordo com sua página na Wikipedia.
Professores trans são minoria mesmo nas universidades (Divulgação / Instagram) |
Publicou livros sobre assuntos como o Teatro do Oprimido, e também sobre a transexualidade (De Trans Para Frente), além de artigos diversos. Atua na pesquisa sobre cenografia e atuação. Também atua na defesa dos direitos das pessoas trans.
Em 2017 apareceu na mídia lutando na Justiça pelo uso do nome pelo qual é agora conhecida. Curiosamente, a reportagem do jornal O Globo referiu-se a ela apenas como uma "estudante de psicologia" e destacou o fato de ela não ter feito cirurgias para mudança de sexo biológico, como fazem os transexuais, mas não os transgêneros (ambos identificados pela letra T na sigla identificadora das minorias sexuais, LGBTQIA+). Seu nome de batismo, masculino, não é divulgado, mas ela não vê importância nisso para o seu trabalho.
Mesmo num ambiente considerado mais liberal como a USP, professores trans são raridade e ainda causam estranheza, mas isso poderá mudar aos poucos. Não se pode descartar a possibilidade de outras faculdades terem pessoas não cisgêneras à frente das salas de aula, mesmo as menos ligadas às áreas de ciências sociais.
N. do A.,: A sigla LGBTQIA+ ainda causa muita confusão na maioria das pessoas, não identificadas nem como lésbicas (L), gays (G), bissexuais (B), trans/transgêneros/transexuais (T), queers - como as drag queens e pessoas assemelhadas (Q), intersexo (I; indivíduos antigamente denominados "hermafroditas"), assexuais (A) e outros casos (o símbolo de +). Sob o pretexto de não querer excluir esses casos, os defensores da chamada "ideologia de gênero" querem colocar mais letras para abranger os "sexualmente curiosos", os pansexuais (que possuem atração sexual por qualquer pessoa em idade reprodutiva), os kink (antigamente chamados de "fetichistas sexuais") e quaisquer pessoas pejorativamente vistas como "taradas" ou "sexualmente desviantes" pelos mais conservadores. Ao contrário do que dizem calúnias e acusações sem fundamento, não há letra para identificar pedófilos, embora haja muitos desses criminosos sexuais entre os LGBTQIA+, e também entre os heterossexuais.
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