Este blog até tentou entender algo além do básico sobre a classificação dos peixes ósseos, mas decidiu não se aprofundar muito, mesmo porque isso é tarefa dos especialistas em peixe, os tais "ictiologistas".
Para os leigos, saber que é o grupo com maior número de espécies entre os vertebrados importa pouco ou nada. Ainda mais porque existem duas classes de peixes com ossos: os Sarcopterygii e os Actinopterygii.
Os primeiros são aqueles peixes estranhos chamados de "celacantos", ditos fósseis vivos por existirem desde antes dos dinossauros, e outros bichos meio diferentões, como os peixes pulmonados capazes de respirar fora da água de vez em quando. No passado, um sarcopterígio primitivo deu origem aos tetrápodes, ou seja, o grupo dos vertebrados terrestres, num período da Era Paleozóica chamado de Devoniano, há quase 400 milhões de anos. Muito, muito antes de haver qualquer mísero projeto de dinossauro pela Criação.
Já os actinopterígios são um grupo de peixes "normais", sem qualquer pretensão de querer se aventurar em terra. É uma confusão de ordens e familias, piorada com os estudos recentes que reclassificaram tudo. Parece um emaranhado de quebra-cabeças de dezenas de milhares de peças que alguém supostamente mais entendido do assunto desmanchou quase tudo para fazer um novo arranjo.
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| Para os leigos, é tudo peixe com aquele tal de ômega-3. Para os ictiologistas, são espécies muito diferentes com classificações totalmente diversas com base em critérios que eles entendem (e mais ninguém) |
Quem estaria disposto a querer saber a respeito das diversas subclasses desses seres aquáticos? Existe uma subclasse com peixes dotados de esqueleto parcialmente ossificado, e são aqueles esturjões produtores do caviar apreciado pelos ricaços e pelos metidos a besta metidos a ricos. A outra reúne todas as outras espécies, com uns grupos confusos, ainda mais depois das reformulações deste século.
Existe uma turma com os pirarucus e aruanãs, esses peixes pré-históricos que parecem ter um osso na língua, daí o nome "osteoglossiforme", ou criatura com língua ossificada. Outros têm umas larvas esquisitas, parecidas com pequenas folhas de árvores, incluindo as enguias, moréias, bichos estranhos das profundezas com bocas enormes (Eurypharynx) e alguns peixes com formato normal e sem parecerem cobras, os tarpons. Outro grupo reune as sardinhas e também as carpas, piranhas, peixes-elétricos e bagres. Ainda há mais um com salmões, trutas e uns peixes feiosos chamados de lúcio (se alguém for feio e tiver nome de Lúcio, corre o risco de ser comparado com essa coisa). E existe um grupo maior, os "acantomorpha", ou peixes com nadadeiras espinhosas, onde a confusão é ainda maior, reunindo bacalhaus, serpentes marinhas que anunciam o apocalipse peixes-remo e um gigantesco agrupamento de peixes muito parecidos entre si, os Percomorpha (em forma de perca, um peixe que só os europeus conhecem). Aí se reúnem blênios, atuns, cavalos-marinhos, peixes-de-briga, peixes-arqueiro, peixes-vacas, peixes-piloto (aqueles que gostam de ficar com os tubarões só para comer os restos que eles deixam), linguados, tilápias, peixes-palhaço, baiacus, garoupas, etc., etc. e etc. (e bota etc. nisso).
Principalmente nessa última reunião de dezenas de ordens de peixes a confusão reina. Antes, era uma ordem gigante, a dos Perciformes (peixes ainda mais em formato daquela tal de perca) e outra menores. Agora, os Perciformes foram separados em várias ordens menores, classificados por critérios bem pouco acessíveis aos leigos, baseados no formato das larvas quase microscópicas, ou por estudos genéticos válidos num ano e considerados questionáveis noutro. E para dizer quem é quem? Realmente, só os ictiólogos dizem saber, e nem eles mesmo parecem ter certeza.
Não estão incluidos entre os peixes ósseos os tubarões e as raias, a serem comentados em um próximo post da série.
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