sábado, 3 de março de 2012

Guerra verbal

O governo está irritado com as cobranças da Fifa, ditas em tom menos diplomático do que deveria. 

Aldo Rebelo quer a cabeça de Jérome Valcke. O francês chegou a dizer que os organizadores da Copa no Brasil precisam "levar um pontapé no traseiro", pois "nada parece estar funcionando". 

Se é verdade que as obras no Brasil estão bastante atrasadas, elas também vão sair caro demais para o bolso dos brasileiros. Muito custo para pouco benefício. Estamos correndo sério risco desse devaneio virar um pesadelo, com direito a quebra-quebra e "Maracanazo". 

Por outro lado, a Fifa falar mal do Brasil, ou vice-versa, é o caso do "roto falar do esfarrapado". Tanto a entidade máxima do futebol quanto o governo brasileiro estão envolvidos demais em denúncias de corrupção. Não existe ninguém merecedor de uma canonização, mesmo se considerarmos a moral duvidosa de muitos santos católicos. 

O ministro do Esporte não fica atrás do secretário-geral da Fifa quando o assunto é falar demais, para uma platéia enfastiada. Se ele está interessado em rebater os ilustres senhores de Zürich, deveria fazer mais e falar menos, e mostrar por que foi escolhido ministro do Esporte. Ele e os outros responsáveis pelo espetáculo deveriam fazer as empreiteiras cumprirem os cronogramas das reformas e construções dos estádios. Também a Lei Geral da Copa, que deveria estar pronta faz tempo, está dando muita dor de cabeça, pois muitos artigos são tão constitucionais quanto uma quartelada. 

Por outro lado, a língua de monsieur Valcke vai lhe tornar uma espécie de persona non grata do Brasil, e não vai ajudar a melhor a imagem da Fifa no Brasil. 

Quem assiste a tudo de camarote é a CBF. Ricardo Teixeira pode merecer todas as acusações que lhe fazem, mas está conseguindo o que quer sem fazer barulho. Conseguiu uma sobrevida como chefe da "Casa Bandida", como diz Juca Kfouri, e saiu dos holofotes graças à rixa.

Uma rixa verborrágica, onde os dois lados estão dando 'bom dia' aos burros. Aos milhões deles que vão acabar pagando a conta do espetáculo.

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