Depois do Chico, Millor (fonte: G1)
Millor Fernandes nasceu quando o Brasil era governado pelos 'coronéis' e grandes fazendeiros, os EUA tinham o cinema mudo mas com conteúdo e a Europa tentava apreciar as aparentemente estranhas obras de arte feitas por Matisse, Picasso e outros. A Rússia estava unida a outras repúblicas para formar a URSS, enquanto a China era um país miserável e superpopuloso e o continente africano era um amontoado de colônias européias miseráveis. O papa era Pio XI, que não viajava. As missas eram em latim, e eram bastante frequentadas nos países católicos, embora relativamente pouco compreendidas. No Brasil idolatrava-se o Padre Cícero e temia-se a excomunhão. As Torres Gêmeas de New York não existiam. Bater em mulher era normal, assim como discriminar os gays, os negros e os judeus. Divorciar-se parecia, para a cultura da época, um ato de Satanás. Democracia era palavrão por aqui, e temia-se muito o comunismo. Não havia televisão nem Internet, mas havia jornal. O Brasil não sabia o que era futebol (invenção dos ingleses com o nome de football). A Copa do Mundo de futebol ainda não passava de uma idéia.
O mesmo Millor morre quando o Brasil é governado pelo PT e pelo PMDB, os EUA lançam uma infinidade de filmes em 3D cheios de falas e sem conteúdo, enquanto a Europa está falida e culturalmente não traz nada de novo. A URSS acabou faz tempo, e sua vizinha China continua superpopulosa (mas cheia de dinheiro). O continente africano deixou de ser um amontoado de colônias miseráveis para se tornar... um amontoado de países livres e miseráveis. O papa é Bento XVI, que viaja bastante como o antecessor, e agora está em Cuba, a pátria de Fidel. As missas são dadas em várias línguas, para cada vez menos gente, e ainda continuam a ser pouco compreendidas. No Brasil idolatra-se Lula e teme-se o demônio nos cultos evangélicos. As Torres Gêmeas de New York não existem (mais). Bater em mulher agora dá punição, assim como discriminar os gays, os negros e os judeus. Divorciar-se é encarado como coisa normal (normal demais, pela quantidade de casamentos desfeitos). Democracia é normal por aqui, mas para muitos continua a ser um palavrão, e o comunismo não assusta mais ninguém porque está morrendo até na já citada pátria de Fidel. Há televisão de todos os tamanhos e tipos, a Internet está em quase todo lugar, e continua a haver jornal. O Brasil sabia o que era futebol (agora está deixando de saber). A Copa do Mundo de futebol será no Brasil e parece uma má idéia.
Em seus 87 (ou 88, já que ele teria nascido em agosto de 1923 e não em maio de 1924) anos de vida, o cartunista e escritor falou de (quase) tudo isso. E agora foi se juntar ao Chico Anysio e outros humoristas da velha guarda que conciliavam o riso com a inteligência.
As máximas do imortal Millor (Fonte: iG)
Nenhum comentário:
Postar um comentário