segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dois casos de desconstrução radical

Antes, eles eram considerados heróis do esporte, para os seus conterrâneos. Aurélio Miguel, o medalhista brasileiro de ouro em Seul, 1988. Oscar Pistorius, o biamputado sul-africano, único atleta paraolímpico a participar de uma Olimpíada, em Londres, 2012. 


 Aurélio Miguel (acima; foto do site do judoca) e Oscar Pistorius (Paul Gilham/Getty Images): a demolição das imagens

Neste momento, 2013, eles tornaram-se vilões. O primeiro, já político tarimbado pelo PR e agora vereador de São Paulo, foi acusado de enriquecimento ilícito e será investigado por corrupção política e outras irregularidades. O segundo, provavelmente sob efeito de esteróides, matou a namorada e agora está preso. 

Mais uma prova da diferença às vezes gritante entre realidade e ficção. Ídolos de ontem podem ser destruídos hoje, devido a uma sucessão de pequenos "pecados" (Cuidado, Neymar! Você foi expulso no jogo de ontem contra a Ponte Preta por ter chutado um adversário!), ou, no caso dos dois exemplos acima, alguns poucos mas enormes erros que podem destruir-lhes as reputações para sempre. Erros tipificados no Direito simplesmente como crimes, passíveis, ao menos teoricamente, de punições severas. O ex-judoca brasileiro teria lesado o NOSSO DINHEIRO, algo que infelizmente leva muita pouca gente a perder o mandato como "representante do povo". O atleta biamputado da África do Sul pode ficar um bom tempo na cadeia como assassino.

Será reflexo dos tempos atuais, onde não há tanta preocupação em cuidar da própria imagem? Ou as pessoas eram bem mais inocentes no passado por acreditarem em heróis e vilões? Talvez Aurélio Miguel e Oscar Pistorius se enquadrem mais numa categoria muito difundida na ficção do século XXI: o do anti-herói, aquela pessoa admirada apesar (ou por causa) de seus defeitos. Se é que ainda há alguém que os admire, devido a acusações tão sérias das quais eles e seus advogados terão dificuldade para se desvencilharem.

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