quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A chiadeira em torno do Porta dos Fundos

O Porta dos Fundos é um dos mais conhecidos portais de humor da Internet e procura fazer a linha independente, apesar de seus vínculos com a Globo. Sua linha segue mais ou menos o pensamento corrente do humor atual, preocupado, às vezes excessivamente, em não ofender muito as chamadas minorias, como os gays e os deficientes, e setores oprimidos que no Brasil são maioria, como os pobres e os afro-descendentes. 

No fim do ano passado, ele se atreveu a brincar com o Natal, lembrando que na data se comemora o nascimento de Cristo. O vídeo, bem engraçado embora de conteúdo bem polêmico, mostra de forma irreverente Jesus, os reis magos, a Virgem Maria, um soldado romano que colocou os pregos para crucificar Nosso Senhor, e com direito a um Papai Noel entediado. 

Evangélicos e católicos não gostaram nada e resolveram processar o portal. Receberam o apoio de muitos fiéis, considerando o vídeo ofensivo e desrespeitoso. Embora usando apenas os meios legais para protestar (e, diga-se de passagem, mostrarem muito mau humor, mais ou menos como os muçulmanos em relação às piadas que abordam o Islã), foram também muito criticados. Afinal, estamos num Estado laico. 

Marco Feliciano não perdeu a oportunidade e resolveu pedir uma indenização de R$ 1 milhão para os humoristas pagarem. 

O 'Porta dos Fundos' assumiu o risco de virar Judas na mão dos devotos cristãos (divulgação)

Este é um vestígio forte do humor de antigamente, que não poupava ninguém, independente de credo religioso, sexo, cor, nacionalidade, do qual o exemplo mais lembrado é o inesquecível TV Pirata. Agora eles andam muito seletivos, mas ainda continuam a não agradar certas pessoas, vide os processos contra o Rafinha Bastos, o Danilo Gentilli, o Pânico na TV. 

De qualquer forma, ofender-se com humoristas quando existem outros motivos mais fortes para se indignar não é um boa política. O risco de ser considerado chato, mal humorado, distímico, sectário ou fanático é considerável. Agora a Justiça vai dizer se Feliciano, os evangélicos e os católicos estão com a razão. Ou se o Porta dos Fundos vai continuar a todo o vapor para mais polêmicas. 


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