O atual presidente do STF anunciou hoje que vai deixar o cargo no final de junho, alegando problemas de saúde.
Joaquim Barbosa deixa o cargo em má hora, pois o Brasil está num clima de anormalidade institucional. Os protestos e a revolta conseguem ofuscar o clima de Copa do Mundo. O STF nunca foi tão contestado pelo Legislativo e pelo Executivo, enquanto continuam a luta para manter os privilégios dos presos pelo mensalão.
Ele sofre de uma lesão na coluna vertebral, mais precisamente na região lombar, que o impede de ficar mais do que algumas horas sentado.
Barbosa foi nomeado por Lula em 2003 como o primeiro jurista negro a ingressar na mais alta corte do Brasil. Mesmo assim, mostrou ser um dos grandes empecilhos ao petismo, por sua postura intransigente a favor da lei, por vezes arrogante e dura. Ao tomar posse como presidente do STF, exerceu sua autoridade com mão-de-ferro. Embora não seja um déspota, e sim um extremamente zeloso defensor da Carta Magna, seus colegas o temiam mais do que o respeitavam.
Joaquim Barbosa a caminho de fazer parte da História do Brasil (BBC)
Suas decisões eram certas e erradas, como qualquer outro juíz. Agiu certo quando impõs a Justiça contra os autores do mensalão petista, mas também foi a favor do financiamento público de campanha, algo que fatalmente vai acabar empurrando boa parte das ajudas de empresários e lobistas para a clandestinidade.
Infelizmente, mais por questões de saúde do que por fatores externos, o presidente do STF irá se aposentar. O Brasil terá mais um motivo para dor, e talvez nem a conquista do hexacampeonato com uma goleada de 6 a 0 numa Argentina ou num Uruguai vá compensar a tristeza pelo afastamento de um dos mais inesquecíveis e polêmicos homens públicos que este país conheceu.
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