quinta-feira, 22 de maio de 2014

Mais um golpe na Tailândia

Com o pretexto de garantir a ordem após vários protestos violentos contra a corrupção no governo tailandês, o Exército não teve dúvidas de, mais uma vez, instituir um golpe. 

A quartelada começou anteontem quando foi decretada lei marcial, ou seja, os civis são obrigados a seguir as normas das Forças Armadas, proibidos de se reunir em grupos, obedecer ao toque de recolher às 22h. Essa violação da ordem institucional é comum na Tailândia, um país bem pouco acostumado a seguir as normas democráticas. Já foram outros 11 golpes militares em 82 anos, desde que os militares forçaram os reis a obedecerem a uma Constituição e abandonarem o absolutismo.

Na verdade, a crise começou antes, no dia 7, quando a Justiça mandou destituir a primeira-ministra Yingluck Shinawatra, eleita em 2011 e alvo de vários protestos da oposição, alguns violentos e com mortes. Desde então, ela tentava se defender enquanto um governo interino foi colocado para tentar abafar, sem sucesso, a tensão no país asiático. Fracassaram, como os militares bem mostraram. 

Existem várias e perturbadoras semelhanças entre o governo deposto e os seguidores do tal "bolivarianismo" na América Latina. São governos populistas, apoiados pelos mais pobres, implantaram várias medidas sociais mas ao mesmo tempo se descuidaram das melhorias na educação e na saúde. A Tailândia, como aqui, sofria com a corrupção escancarada no governo. Yingluck Shinawatra era uma espécie de Dilma do Sudeste Asiático: primeira mulher a comandar o país, mas também considerada uma lacaia de um ex-governante (assim como Dilma em relação a Lula), no caso o irmão Thaksin Shinawatra, agora exilado nos Emirados Árabes após um golpe sofrido em 2006.  Thaksin foi dono do Manchester City e enfrentou várias acusações de abuso de poder e apropriação indevida do dinheiro público. Yingluck pode se juntar ao irmão a qualquer momento, caso os golpistas não a coloquem atrás das grades.

O golpe foi orquestrado tanto pelas Forças Armadas quanto pelos setores conservadores, que não conseguiram derrotar o governo nas urnas em eleições consideradas fraudulentas. 

Por aqui, há temores (ou esperanças) que o Brasil siga esse caminho. Deus nos livre!

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