Existe uma alegoria sobre a "nau dos loucos" que ruma para lugar nenhum, criada no século XV a partir de um barco que leva doentes mentais para fora das cidades à beira do rio Reno, na Alemanha e na atual Holanda. A humanidade parece estar, agora, em situação parecida.
Uma reunião da ONU foi feita para discutir as ações do Isis, um grupo assassino que transmite decapitações de reféns ocidentais e ameaça consolidar um Estado Islâmico que interfere no comércio do petróleo e distorce o Islã na sua sede para dominar uma boa parte do território da Ásia Ocidental. Diante desses aparentes loucos assassinos, os líderes ocidentais parecem atarantados. Coube a Barack Obama, presidente dos EUA, tentar convencê-los, para uma guerra com consequências imprevisíveis. Discursou, hoje, contra a sanha do Isis, dizendo que ele só entende a "linguagem da força".
Nossa presidentA, com ideias diferentes, confundiu o Estado Islâmico com uma nação (para ser bem benevolente) e criticou os bombardeios na Síria e no Iraque, dizendo ser pela paz. Do jeito que ela discursou na Assembléia da ONU, parecia uma simpatizante do Isis ou simplesmente uma doida. Ela não estava discursando para brasileiros, e sim para representantes do mundo inteiro, e uma análise um pouco mais atenta da situação na Ásia Ocidental por parte da comitiva brasileira poderia evitar o que analistas consideram um verdadeiro vexame digno de "anão diplomático".
Enquanto isso, a situação no leste da Ucrânia é ainda incerta, apesar de uma trégua em vigor. Há milhares de pessoas na região vivendo em condições terríveis, enquanto há algumas manifestações esporádicas de violência por parte dos separatistas (e também das forças ucranianas). Os pró-Rússia querem realizar eleições em novembro, para tentar consolidar a anexação ao gigantesco vizinho.
Ainda está em vigor uma trégua, também frágil, entre Israel e o Hamas. Há esforços de ambos os governos para reconstruir as casas destruídas e minimizar a situação de milhares de palestinos vítimas do conflito. As diretrizes de Tel Aviv e do grupo radical palestino, porém, são totalmente diferentes. Israel não quer ver as residências se transformarem em abrigos para terroristas, como quer boa parte dos membros do Hamas. E o futuro da região continua nebuloso.
Temos ainda a horrível situação de países da África Ocidental assolados pelo Ebola (Guiné, Libéria, Serra Leoa) e pela ação de radicais muçulmanos (Nigéria). Outros países africanos também são castigados com a violência, na Argélia (onde um francês foi decapitado por simpatizantes do Estado Islâmico), na República Centro-Africana, no Sudão do Sul, na Somália.
Aqui no Brasil, a coisa também anda ensandecida. Em tempos de eleição, muitos temem novo pronunciamento de Alberto Youssef, que quer aproveitar os benefícios da delação premiada para falar mais sobre o que sabe a respeito da Petrobras e da Operação Lava-Jato, na qual foram envolvidos políticos, empresários e empreiteiros. Teme-se, mais do que a cadeia, a impunidade, o que poderia frustrar o eleitor e entregar o país a uma rotina de corrupção e crença na desonestidade como meio de vida.
Por fim, não faltam promessas doidas para divertir os eleitores. Um candidato a deputado do Distrito Federal quer criar o "Kit Macho" e "Kit Fêmea" para ensinar as crianças os valores da sexualidade, supostamente ameaçados pela fúria homossexual. Outro, candidato de São Paulo, quer usar seus pretensos poderes para privatizar a USP. Um candidato gaúcho quer trabalhar pelos donos de carros rebaixados. E outras ideias semelhantes (ler mais aqui).
O que irá fazer nossa espécie ter um pouco mais de juízo? Ou será que estamos mesmo à deriva nesta moderna "nau dos loucos"?
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