segunda-feira, 13 de abril de 2015

A repercussão do protesto

Diante da participação menor, mas não menos ruidosa, de pessoas insatisfeitas com o governo Dilma, houve uma ilusória sensação de alívio no Planalto. Resolveram não comentar os protestos feitos por centenas de milhares de cidadãos cansados de ver tanta corrupção, incompetência, desmandos, parasitismo, e tão poucos benefícios para a sociedade. 

Apenas o vice-presidente Michel Temer falou, e resolveu escolher bem as palavras, aproveitando que o PMDB não era o alvo preferencial dos manifestantes, embora também fosse execrado graças à sua aliança com o PT e aos nomes citados na Operação Lava-Jato, como os presidentes da Câmara e do Senado. 

Entre os protestos de março e abril, houve uma redistribuição do poder. Dilma ficou enfraquecida e deu mais poder ao vice-presidente, encarregado das relações políticas entre o Executivo e o Legislativo. Isso foi interpretado até como uma espécie de "parlamentarismo não-oficial". Alguns até acham que o PMDB passou a ter mais poder do que a presidentA, devido à influência de Temer e de Eduardo Cunha, o presidente da Câmara. 

Outros dizem que o PMDB dividiu o poder com a equipe econômica, chefiada pelo ministro Joaquim Levy. Apesar das medidas duras e às vezes dignas de lástima tomadas pelo Ministério da Fazenda, elas fizeram a economia parar de piorar. Está péssima, mas administrável. O dólar está na faixa de R$ 3,10 e a Bovespa não afundou. Ao contrário, está em 54 000 pontos. A inflação, que enlouqueceu nos três primeiros meses, está com tendência de baixa, mas poderá fechar em cerca de intragáveis 8% neste ano. "Só" o crescimento do PIB vai ser negativo, ou seja, realmente estamos a ficar mais pobres mesmo. 

Diante da situação que piorou menos do que muitos esperavam, a adesão foi realmente menor, mas os protestos, ainda assim, mostraram vigor nas capitais e principais cidades do Brasil. 

A faixa gigante contra o governo Dilma na Paulista (divulgação)

Apesar dos protestos serem pacíficos, houve alguns conflitos localizados, como o de um ciclista aparentemente a favor do governo sendo hostilizado em Copacabana. Também uma mulher apareceu tirando a roupa na Avenida Paulista e foi detida. 

Ainda houve os grupos pela intervenção militar e por outros atos golpistas, mas eles não foram predominantes sobre aqueles que pedem justiça e mais ética na política.

Espera-se que o governo não venha a subestimar a inteligência do povo novamente, tentando impor novamente ideias como o controle da mídia e o financiamento exclusivamente público de campanha. Requentar isso será energia desperdiçada, pois o Congresso rejeitou essas medidas. A única medida considerada adequada, apesar de sua propaganda que tenta fazer do PT a solução e não o problema, foi a lei anticorrupção, para ser submetida à análise dos deputados e dos senadores.


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