Após a apuração do Carnaval carioca, a Beija-Flor ganhou novamente.
Fugindo dos enredos comportados, a agremiação de Nilópolis trouxe para a avenida Marquês de Sapucaí um enredo crítico, denunciando a violência e as mortes na "Cidade Maravilhosa", assim como a corrupção, o tráfico de influência e os políticos. O tema dos monstros é um disfarce para o protesto contra o
status quo na realidade.
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Carro alegórico da Petrobras, mostrando o rato gigante da corrupção (Pilar Olivares/Reuters) |
Não foi a coisa mais surpreendente que aconteceu no desfile. A Paraíso do Tuiuti, escola relativamente pequena de São Cristóvão, foi a grande sensação entre os foliões cariocas, principalmente entre os mais críticos do governo (e os entusiastas da teoria do "golpe" contra Dilma e o PT); o tema da escravidão serviu de trampolim para mais crítica social, protesto contra as reformas trabalhista e previdencária, e colocando o presidente Temer como um "vampirão".
Para muitos, a pequena Tuiuti virou uma espécie de "campeã moral" da Sapucaí; ficou apenas 0,1 ponto da campeã (296,5 contra 296,6 da Beija-Flor). A Salgueiro estava disputando com a escola do Neguinho até o último quesito, mas tropeçou no samba-enredo, o primeiro no critério de desempate, e ficou em terceiro, também com 296,5 pontos. A Portela e a Mocidade, cotadas para o bicampeonato, não conseguiram, embora obtivessem colocação suficiente para desfilarem de novo no sábado, dia 17: quarto e sexto lugares; a Mangueira também vai para esse desfile, em quinto.
Quem decepcionou foram duas escolas tradicionais, a Grande Rio e a Império Serrano. A Império alternava participações irregulares, mas a Grande Rio estava desde 1993 no Grupo Especial, conseguindo por três vezes o vice-campeonato (2006, 2007 e 2010), sem ser ameaçada de rebaixamento antes. As duas cederão lugar para a campeã e a vice-campeã da Série A, que irão desfilar entre as grandes em 2019.
N. do A. (1): Se no Rio, uma cidade acusada de ser "esquerda caviar" para os liberais e conservadores no espectro político, as escolas mais bem avaliadas estavam de acordo com a inteligentsia local, em São Paulo, a Acadêmicos do Tatuapé não trouxe crítica social e foi bicampeã, com a pontuação máxima (270 pontos). Teve a proeza de empatar, em pontos, com outras três escolas rivais, a Mocidade Alegre, a Mancha Verde e a Tom Maior, mas teve menos notas diferentes de 10 (descartadas na avaliação dos jurados no Sambódromo do Anhembi). Dragões da Real e Império da Casa Verde também vão para o desfile das campeãs, ao contrário de Vai-Vai e Rosas de Ouro, que decepcionaram, mas não tanto quanto Independente Tricolor e Peruche.
N. do A. (2): A próxima postagem vai ter uma tirinha, referente ao jogo da Champions League entre o Real Madrid de Cristiano Ronaldo e o Paris Saint-Germain de Neymar.