Devido à persistência da pandemia, os líderes dos BRICS fizeram, neste ano, uma reunião virtual.
Reunião dos líderes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) feita por videoconferência (TV Brasil) |
A grande imprensa deu destaque apenas a alguns aspectos da reunião, como a ameaça de Jair Bolsonaro revelar os nomes do países que compram madeira ilegal e continuam pressionando o Brasil para conter os desmatamentos. Este é um gesto revelador sobre as relações entre os países, onde não existem anjos, santos e seres virtuosos, mas seres humanos com suas contradições e interesses. Também escancara a falta de interesse do governo em resolver efetivamente os problemas ambientais, vistos como uma pauta de "esquerda". Mas a reunião foi muito além disso.
O presidente se comprometeu a manter o cronograma das reformas estruturais ainda pendentes no Congresso, para melhorar o ambiente dos negócios. Essas reformas, a tributária e a trabalhista, serão retomadas após as eleições, e fatalmente se estenderão ao longo de 2021.
Bolsonaro disse compreender a preocupação dos empresários do bloco sobre a cadeia de suprimentos, para abastecer principalmente as pequenas e médias empresas, as mais prejudicadas pelo flagelo da COVID-19.
Ele também aproveitou para defender reformas na OMS e também da OMC. São entidades vistas como burocratizadas demais e sem agilidade nas decisões. A OMS é alvo frequente do governo brasileiro, vista frequentemente como uma entidade vassala da China, e é acusada de ter o monopólio do conhecimento sobre a pandemia.
Bolsonaro ainda aproveitou para exigir mais cadeiras permanentes para o Conselho de Segurança da ONU. Apenas a China e a Rússia, entre os BRICS, ocupam estes assentos.
Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin defendeu a produção em massa de sua polêmica candidata à vacina, a Sputnik, inclusive entre os outros membros do bloco. Narendra Modi foi mais discreto e lembrou a candidatura da Índia à presidência da entidade, além de falar sobre a segurança internacional contra o terrorismo (a Índia é alvo constante de ataques do fundamentalismo islâmico) e também defendeu mudanças no Conselho de Segurança. Cyril Ramaphosa, da África do Sul, expôs a preocupação de seu país com as dificuldades econômicas e sociais da África, agravadas neste ano. Por fim, o dirigente chinês Xi Jinping pronunciou-se a favor do Acordo de Paris, que impõe a diminuição na produção de gás carbônico e estimula o uso de energias renováveis. A China também tem suas contradições em relação ao meio ambiente, assim como o Brasil e os outros países, mas isso fica para outra postagem.
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