Bruno Covas (ao centro) foi reeleito com promessa de moderação política; ele foi apoiado pelo seu mentor político, João Dória, que quer a Presidência em 2022 (Fábio Tito/G1) |
Vice-prefeito na chapa de João Dória, vitoriosa em 2016, Bruno Covas, neto do falecido líder político Mário Covas, ficou com a vaga quando o titular praticamente abandonou a prefeitura para disputar e vencer a eleição para governador. Durante os pouco mais de dois anos de governo efetivo, ele apareceu nos noticiários mais por causa da saúde, abalada por um câncer, que por outros motivos. Nada de grandes realizações, mas também sem grandes escândalos, até a chegada da pandemia, quando ele, Dória, o presidente Jair Bolsonaro e os outros governantes mostraram-se incapazes de contê-la. Quem contribuiu para a implantação de um super-feriado, em maio, verdadeiro fiasco por não conter o coronavírus, além de ser motivo de piada até hoje?
Agora, reeleito, Covas terá nova chance de deixar um legado para a cidade. Ele precisará ter saúde para cumprir seus compromissos de campanha, como zerar o déficit para as creches, reforçar a segurança pública, criar áreas com atividades 24 horas (isso existe em Londres) e implantar um sistema de transporte público nas represas da Zona Sul, usando barcos (algo inacreditável até ficar pronto).
O vice, vereador Ricardo Nunes (MDB), gera preocupação por seu perfil um tanto misterioso e pelas acusações de corrupção, improbidade administrativa, tráfico de influência e agressão contra a mulher. Por enquanto, Nunes não é réu em nenhum processo, mas será ele quem governará na ausência de Covas.
Ainda há outros problemas, como o subsídio a ser pago para as empresas de transporte manterem o sistema de ônibus, verdadeira dor de cabeça para o paulistano tanto pelo custo quanto pela qualidade abaixo da crítica, embora já tenha sido ainda pior. Sem falar no trânsito, na criminalidade e na famigerada "Cracolândia".
Bruno Covas irá encarar estes e outros problemas, após disputar o cargo por Guilherme Boulos, que teve desempenho relativamente robusto, principalmente na periferia, onde há maior déficit habitacional. Boulos é o líder do MTST e precisou moderar seu discurso e até seu tom de voz para conseguir votos na cidade. Saiu mais forte da campanha, com fôlego para 2022, quando certamente irá disputar novamente a Presidência.
Em outras cidades importantes, o prefeito carioca Marcelo Crivella perdeu a eleição para Eduardo Paes, numa das eleições mais difamadas pela inteligentsia do Rio de Janeiro. Manuela d'Avila, ex-candidata a vice na chapa de Fernando Haddad para a presidência da República em 2018, perdeu a disputa para Sebastião Melo. O filho de Eduardo Campos, finado ex-candidato à Presidência em 2014, Jorge Campos, venceu no Recife. No interior, destaque para a prefeita eleita de Bauru, Suellen Rosim, jovem negra e conservadora.
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