quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Sina no Nobel está vindo um folclore

Há anos, o escritor japonês Haruki Murakami, um dos mais lidos do Japão, é cotado para receber o Nobel de Literatura, mas outra vez ele foi preterido. Desta vez, quem ganhou foi um nome relativamente desconhecido, Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia. 

Radicado no Reino Unido, Gurnah escreveu sobre os efeitos da colonização europeia sobre os africanos, sobretudo os da África Oriental, em obras como Memory of Departure

Abdulrazak Gurnah, nascido em 1948, se tornou o segundo africano a ganhar o Nobel de literatura, depois do nigeriano Wole Solinka, em 1986

Murakami é bem mais conhecido fora de seu país, e um de seus livros, 1Q84 (propositalmente o título lembra 1984, de George Orwell), tornou-se um best-seller. Ele parece engrossar uma lista de injustiçados, como Lev Tolstoi, James Joyce e, mais recentemente, Philip Roth e Milan Kundera. No caso de Roth, ele morreu em 2018, esnobado pela Academia, e Kundera está em 91 anos. Murakami ainda é relativamente jovem (nasceu em 1949), mas suas indicações seguidas já o fazem motivo de piada. Talvez ele possa vencer em 2022, caso não haja a descoberta de outro escritor talentoso mas sem repercussão fora de seu país de origem ou de um restrito círculo de críticos. 


N. do A.: Houve alguns brasileiros que chegaram perto de um Nobel de literatura, como os poetas Coelho Neto (1864-1934) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), e o escritor Jorge Amado (1912-2001), mas agora a chance de alguém destes trópicos vencer é nula. Haruki Murakami vencer um Nobel já seria algo impactante, mas um Paulo Coelho conseguir o prêmio já pareceria um sinal do Armagedom. E pensar que nós tínhamos um Machado de Assis ou um Guimarães Rosa!

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