sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Histórias de heróis seguem rumo insólito

 A chamada "lacração" está em alta na indústria de quadrinhos, colocando heróis icônicos para defender causas diversas, mesmo à custa de, aparentemente, desafiar ou mesmo destruir sua história contada ao longo de décadas. E não só isso: parece haver uma profusão de temas para chocar o leitor e fazê-lo imaginar os mais diversos futuros para os seus personagens favoritos, mesmo os mais terríveis. 

Na DC, por exemplo, a atmosfera parece tradicional, com todas as histórias de personagens antigos como o Superman, o Batman, a Mulher Maravilha, o Lex Luthor, o Coringa e outros, mas, por outro lado, há as intermináveis crises, para recontar a história dos heróis e vilões ao gosto dos editores ou de alguns criadores, com o pretexto de administrar as incontáveis "Terras paralelas", agora reduzidas a 52, incluindo a Terra principal onde se encontra a Liga da Justiça. Nesta, chamada de "Earth-Prime", o filho do clássico Superman, Jon Kent, é defensor das causas ambientais e também é bissexual, namorando um herói criado recentemente, Jay Nakamura. 

Antes, o Robin atual, Tim Drake, também "saiu do armário", embora a fama de gay do personagem afete todos os principais ajudantes do Batman com este nome: Dick Grayson e Jason Todd. (*) Sem falar em histórias cada vez mais opressivas e sinistras, não só na sombria Gotham City, mas em outros ambientes, com demônios, zumbis, magia negra, um "Batman que ri" psicopata e uma Liga da Justiça Sombria. E ainda há a ameaça da destruição de toda a existências nas 52 "Terras", em uma aparente crise no chamado "Multiverso", e o mais poderoso vilão da editora, Darkseid, sendo apontado como um dos principais responsáveis por uma hecatombe de proporções imensuráveis. 

O novo Superman virou defensor de causas, combatendo as mudanças climáticas...

... e a homofobia (DC Comics)

Já a Marvel costuma ousar mais e defender causas com mais frequência, como a questão da intolerância (os X-Men), a igualdade entre sexos (Capitã Marvel), a homossexualidade (personagens como a Míssil Adolescente Megasônico, o Homem de Gelo e o Deadpool, este último considerado "pansexual"), a deficiência física (Demolidor, Prof. Charles Xavier) e o racismo (Pantera Negra, Luke Cage, Blade, Tempestade, Monica Rambeau e outros personagens negros). Mas aí também há muita coisa estranha, como as incontáveis mortes da Feiticeira Escarlate, uma das mais poderosas heroínas da Casa das Ideias e as reviravoltas sobre sua história (ainda não está claro se ela é ou não filha do vilão Magneto, por exemplo). Recentemente, a atmosfera das histórias também está muito sombria, repetindo o caso da DC, com mortes de importantes personagens como o Doutor Estranho por, supostamente, uma versão mais jovem dele em A Morte do Dr. Estranho e o poder crescente do diabólico Doutor Destino. E também há uma crise semelhante no "Multiverso", envolvendo um número de "Terras" ainda maior do que as da editora rival, todas com a estabilidade ameaçada pelo viajante do tempo e conquistador de mundos, Kang. 


(*) Dick Grayson virou o Asa Noturna, conhecido por ser um "pegador" de superheroínas como a Batgirl Bárbara Gordon (que chegou a ficar paraplégica, mas a DC não aborda tão bem a questão da deficiência física como a Marvel, e a fez voltar a andar), a Caçadora e a Estelar. Já Jason Todd também não se tornou gay, mas se transformou no anti-herói Capuz Vermelho após morrer nas mãos do Coringa e ressuscitar usando o Poço de Lázaro, propriedade de outro supervilão inimigo do Batman, Ra's al-Ghul. 

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