segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Quem está envolvido na Pandora Papers

Há cinco anos atrás, um escândalo que apontava usuários de offshores (empresas instaladas em paraísos fiscais, onde as regras tributárias são menos rigorosas) veio à tona pelo jornal alemão Suddeutsche Zeitung. Era o famigerado caso dos Panama Papers, envolvendo a empresa Mossack Fonseca e gente como o ex-presidente argentino Maurício Macri, o monarca da Arábia Saudita Salman, o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e celebridades como Lionel Messi, Jackie Chan e o cineasta já falecido Stanley Kubrick. 

Este evento fez muito barulho em 2016, mas infelizmente perdeu repercussão com o tempo. Agora, algo semelhante aconteceu, graças ao trabalho do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, que descobriram 11,9 milhões de documentos envolvendo, também, o uso de offshores em vários países, como Ilhas Virgens Britânicas e Seychelles (no caso do Panama Papers, eram 11,5 milhões). Este caso foi chamado, ontem, de Pandora Papers. 


O caso "Pandora Papers" promete ser mais escandaloso do que o "Panama Papers" de 2016 (Divulgação)

Manter negócios em paraísos fiscais não é ilegal, desde que os donos obedeçam às normas vigentes em seus países. No entanto, muitos empresários e políticos aproveitam-se das offshores para lavagem de dinheiro vindo de crimes como narcotráfico, tráfico de influência e financiamento do terrorismo. Isto também alimenta teorias da conspiração envolvendo supostas maquinações para a dominação mundial. 

A relação de envolvidos é também extensa e inclui: 

- o rei da Jordânia Abdullah II; 

- o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky; 

- o presidente do Chile Sebastián Piñera; 

- o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair; 

- o astro do rock Ringo Starr; 

- a cantora pop Shakira; 

- o ex-presidente do FMI Dominique Strauss-Khan; 

- o jogador de futebol Angel di Maria; 

- o técnico espanhol Pep Guardiola; 

- o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto; 

- o ministro da Economia Paulo Guedes. 

No caso de Roberto Campos Neto, ele teria declarado à Receita Federal as suas empresas, entre as quais as offshores Cor Assets e ROCN Limited, registradas no Panamá em sociedade com a esposa, advogada Adriana Buccolo de Oliveira Campos. 

Paulo Guedes tem uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, a Dreadnoughts International, movimentando em conta da Crédit Suisse um valor de US$ 9,55 milhões. O ministro da Economia disse também ter declarado à Receita. 

De acordo com o artigo 5 do Código de Conduta da Alta Administração Federal, é vetada a aplicação de movimentações financeiras passíveis de afetarem ou serem afetadas por políticas governamentais, por altos funcionários do governo. A punição varia de uma advertência até a demissão do responsável. Por isso, está havendo pressão para apurar os casos, e o procurador-geral da República Augusto Aras mandou abrir inquérito. e quer que o ministro e o presidente do BC prestem esclarecimentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário