Já se passou um ano desde a grotesca invasão do Capitólio promovida por alguns arruaceiros ressentidos, sob o pretexto de ter havido fraude nas eleições presidenciais americanas em novembro de 2020.
Policial confronta dois dos insurgentes; a maioria não tinha aparência tão exótica, mas também ajudou a abalar a normalidade institucional no país mais poderoso do mundo (Manuel Balce Ceneta/AP) |
Este incidente fez o mundo temer pelo futuro das democracias, mas os EUA não são qualquer país, e suas instituições continuam sólidas. Ainda há muita animosidade contra o ex-presidente Donald Trump, mesmo por parte do atual presidente Joe Biden, e o legado do governo anterior continua a ser discutido, mesmo depois das medidas por parte das Big Techs, responsáveis pelas redes sociais, para tentar neutralizar seus alegados abusos, causando novos debates a respeito da liberdade de expressão.
No Brasil há quem defenda tomar medidas semelhantes às tomadas pelos extremistas, caso Jair Bolsonaro não seja reeleito. O próprio presidente, imitando Trump, continua a ameaçar não reconhecer o resultado das urnas eletrônicas, consideradas facilmente passíveis de fraude. O tema foi levado à votação pelo Congresso, e derrotado, no ano passado. Por outro lado, sentindo o impacto das acusações, o TSE exibiu novas urnas eletrônicas em dezembro, mais modernas em relação ao ultrapassado modelo utilizado desde a implantação em 1996.
Repetir os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021, quando houve quatro mortes de insurgentes e dezenas de feridos, boa parte deles policiais, seria um atestado de pouca maturidade política por parte do Brasil, uma democracia frágil onde não há muita clareza a respeito do papel de nossos Três Poderes, e nem a necessária vontade de defender as liberdades públicas asseguradas pela Constituição. Pior do que isso, poderia fomentar ataques à normalidade institucional, levando o Brasil a uma situação mais parecida com países bem menos estruturados, como a Venezuela, a Guiné, o Sudão e Mianmar.
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