Para surpresa de muitos, principalmente dos apoiadores do atual governo, a multidão reunida na Av. Paulista, ontem, reuniu-se aos milhares para demonstrar sua insatisfação com o status quo.
Não faltou empenho do governo, em parceria com o Judiciário, para tentar intimidar a chamada "extrema direita", como são denominados os defensores do conservadorismo em geral, algo bem mais variado e abrangente do que os defensores do atual governo.
Pois não houve nada de "extremismo" entre os milhares que ocuparam quase toda a avenida. Nada de apologia à violência e nem quebra-quebra. Apenas a defesa do estado de Israel, cujo governo foi atacado por Lula durante sua visita à África, e o mais próximo das ideias de "extrema direita" foi a crítica ao estado laico, garantido pelo artigo 5º da Constituição, feita pela ex-primeira dama Michele Bolsonaro, a dona do discurso mais emocionado, com forte teor religioso. Falou-se muito na defesa do "Estado Democrático de Direito" e da liberdade, algo historicamente vilipendiado pelos extremistas.Crianças e até cães foram levados para lá. Segundo levantamento da USP, são 185 mil pessoas, mas se fala em muito mais, até dois milhões, uma estimativa para lá de otimista, pois a capacidade da avenida dificilmente iria conter uma multidão desse porte.
Independente dos números, esta é só uma amostra dos milhões de eleitores de Bolsonaro em 2022, na mais contravertida eleição da Nova República. Por falar nisso, um dos motes era a defesa do voto impresso, algo não votado a tempo no Congresso para o pleito em questão.
Bolsonaro foi ouvido por uma gigantesca multidão insatisfeita com os rumos do Brasil (Divulgação) |
Discursaram apoiadores, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) - o mais votado em 2022 - , o também deputado Gustavo Gayer (PL-GO), o senador Magno Malta (PL-ES), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), a já citada Michele Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, principal organizador do evento. Este foi o responsável pelos ataques mais duros contra o governo, comparando o vandalismo do 8/1 com aqueles promovidos pelo MST.
Jair Bolsonaro foi o último a discursar e adotou um tom mais moderado, mas falou em anistia para os presos a mando da PF e do STF devido aos acontecimentos do mesmo 8/1, e desmentiu categoricamente ter sido um apoiador de um plano golpista, explicando que os documentos apreendidos pela Polícia Federal falavam no uso de estado de sítio, um mecanismo previsto pela Constituição, e tal plano não foi colocado em prática.
Essa fala não foi exatamente ao gosto dos mais exaltados, mas mostrou a força política do ex-presidente. E mais uma vez exerceu-se o direito de protestar. Centenas de milhares fizeram isso.
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