Em pleno Primeiro de Maio, um trabalhador incansável foi beatificado: João Paulo II, pelo seu sucessor e ex-colaborador Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI. É o processo mais rápido do mundo moderno, pois o papa, nascido como Karol Wojtyla em 1920, morreu há apenas 6 anos.
Karol Wojtyla, ou, o Papa João Paulo II (fonte: site da CNBB)
Wojtyla foi da classe trabalhadora polonesa, mas a data da cerimônia não foi uma simples coincidência. Foi tudo planejado pelo Vaticano para prestigiar o eterno pontífice e conseguir recuperar prestígio entre os trabalhadores do mundo cristão. Espera-se tentar melhorar a imagem da Igreja Católica, ruim desde a Idade Média, quando a corrupção política e o abuso de poder contaminou a Santa Sé, passando por rumores de devassidão (a partir do século X), compra de votos nas eleições papais, emprego de parentes em cargos importantes, transferência de sede para Avignon (França) onde os papas ficaram submissos ao rei da França, venda de indulgências, Cruzadas contra os muçulmanos que resultaram em massacres e saques, lutas com os 'protestantes' luteranos e calivnistas que resultaram na escandalosa Noite de São Bartolomeu de 1572, e outros atos em desacordo com as palavras de Jesus.
Foi com João XXIII e depois com seus sucessores, principalmente João Paulo II, que a Igreja procurou reconciliar-se com o mundo e manter uma imagem mais coerente com os preceitos dos Evangelhos. João Paulo II foi um grande estadista e viajante, pregando o Evangelho em todos os lugares pelos quais passou, em seu longo pontificado (1978-2005). Não conseguiu conter o crescimento das seitas neo-pentecostais como as famigeradas Igreja Universal do Reino de Deus e Renascer em Cristo, pois muito fiéis realmente não estavam atraídos pelos rituais da Santa Sé e pela excessiva politização de certos setores da Igreja que resultou numa fusão esdrúxula entre o catolicismo e o marxismo - a Teologia da Libertação. Aliás, o papa também precisou combater esse desvio ideológico, ao mesmo tempo que defendeu a liberdade dos povos contra os abusos dos governos ditatoriais, comunistas ou anti-comunistas.
João Paulo II visitou duas vezes o Brasil, em 1980 e em 1997, sendo calorosamente acolhido. Em todos os lugares pelos quais passou, sempre recebeu o devido respeito.
Enfrentou com estoicismo os vários problemas de saúde causados pela idade e pelo atentado em 1981, quando levou um tiro de um terrorista de origem turca; ele nunca se recuperaria totalmente deste crime. Sofreu por anos do mal de Parkinson. Já antes do ano 2000 haviam rumores de sua morte iminente, que viria em abril de 2005.
A partir de hoje, basta a confirmação de mais um milagre para a canonização, e quando isso acontecer, aí sim todos os fiéis podem chamar João Paulo II de santo. Muitos, porém, já o consideram digno desse título.
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