quinta-feira, 19 de maio de 2011

A USP não é uma ilha

Como pós-graduando da Escola Politécnica da USP, devo fazer, pelo menos, um breve comentário a respeito do assassinato de um membro da comunidade uspiana, em pleno campus, e dar minha opinião sobre melhorias na segurança. 

A USP é um dos grandes formadores de pessoal qualificado tanto para o mercado de trabalho quanto para ajudar a entender os problemas de nossa nação. É um patrimônio da cidade, do Estado e do País, e como tal deve ser preservado. Contudo, não está - e não pode ficar - isolada do resto da sociedade.

O campus principal, no Butantã, tem os mesmos problemas de segurança dos bairros vizinhos. Em proporções menos alarmantes, é certo, mas eles existem. Roubos e furtos de materiais, equipamentos e agências bancárias acontecem com mais frequência do que deveria. Agora, este assassinato. Ninguém está imune a esta praga, muito menos os uspianos. Muitos acabam se esquecendo disso, quando estão dentro do campus, e acabam virando vítimas em potencial.

A reitoria e as prefeituras, tanto o do campus quanto o da cidade de São Paulo, estão cientes disso e vão toma alguma providência. Mas as ações devem ser efetivas, para o bem da comunidade USP e todo o resto da população. Existe a Guarda Universitária no campus. Também é necessário decidir logo se a polícia comum, como a PM, pode entrar ou não no campus para reprimir os criminosos. Não estamos na época da ditadura militar, quando a polícia entrava e saía à caça de supostos 'subversivos' e alimentava os porões. Então, se é para colaborar no combate à violência, eu opino que ela deve entrar, sim, no campus.

Existe um debate, também, sobre a presença de favelas próximas ao campus do Butantã, mas elas não estão dentro da USP e, neste caso, a polícia pode agir livremente se houver alguma ocorrência por lá. Mas atribuir aos favelados a culpa pela criminalidade é dizer que pobre é bandido. Não passa de preconceito social, mais grave do que, por exemplo, o tratamento dispensado aos homossexuais, por exemplo. Além disso, o assassino, até prova em contrário, não veio de nenhuma favela. Pode ser conhecido da própria vítima, mas aí quem vai ter de averiguar isso é a Justiça.

Finalmente, não se pode restringir ainda mais os acessos nos campi, principalmente no Butantã. Entrar e sair da USP era bem mais fácil até a década de 1990. Agora existem três portarias, além de algumas entradas menores só para pedestres. Nestes acessos, há um certo controle, principalmente nas portarias 1 e 2, e quase todos os limites do campus estão murados. Restrições adicionais só deixariam a USP isolada, com a falsa impressão de que os criminosos vão ficar do lado de fora. É impossível fazer um controle minucioso de milhares de pessoas sem grandes investimentos, e constrangimentos. Como foi exposto no título: A USP não é uma ilha. E não queremos que venha a ser.

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