As TV's de tubo ainda estão à venda (incrível!)

Pode parecer bizarro hoje em dia, mas a velha televisão CRT ainda continua a ser vendida. 

Existem algumas lojas conceituadas onde o veterano aparelho ainda pode ser encontrado (alguns exemplos estão aqui e aqui). 

Foto de um produto que ainda não foi aposentado do mercado (do site Colombo.com.br para uma TV Philco 21'')

As velhas telas só têm aceitação (por cada vez menos gente) por poucas razões: são mais baratas, duráveis (dependendo do uso) e não apresentam alguns problemas das telas de LCD ou LED (mais propriamente, LCD que usam LED's para projeção da imagem) como tempo de resposta e ângulo de visão (particularmente nas telas menores, com painel TN). Porém, as vantagens dos aparelhos modernos são muito mais determinantes:

- ocupam bem menos espaço; 

- a maioria está perfeitamente adaptada à tecnologia digital, algo incompatível com os CRT's; 

- suportam resoluções HD (1280 x 720 pixels) ou full HD (1920 x 1080 pixels), enquanto os CRT's ficam nos 640 x 480 pixels; um pixel é cada ponto que forma a imagem e quanto mais desses pontos melhor;

- possuem muito mais recursos, como entradas HDMI para aparelhos de DVD e blu-ray (não estou falando de video-games, caros demais para a maioria dos brasileiros) e outras conexões (D-Sub ou mesmo DVI-D para computadores, USB); 

- emitem bem menos radiação nociva aos olhos; 

- consomem muito menos energia;  

- muito mais opções de tamanho, desde as pequenas telinhas de 18,5 polegadas (ou 18,5''), comparáveis a monitores de tamanho médio, até as gigantes de 55 polegadas (55'') ou mais; as CRT só são oferecidas em tamanhos 14'', 21'' e 29''; 

- são muito mais leves e fáceis de transportar: uma TV de LED de 55 polegadas tem pouco mais da metade do peso de uma CRT de 29, com seus pouco transportáveis 40 kg;  

- os preços ainda são mais salgados, mas a diferença vem caindo.

Porém, quem ainda tem um CRT e deseja trocar por uma tela fina deve ficar atento a vários detalhes, e não só os citados acima, como assistência técnica, reputação da marca e o tipo de painel (neste último caso, se o futuro proprietário quiser uma tela grande, maior ou igual a 42 polegadas, pois há opções de LED, LCD ou plasma). 

Existe um detalhe que algumas pessoas não levam em consideração: uma tela de LED de 21,5 polegadas NÃO equivale a um CRT de 21 polegadas. Isso porque o número de polegadas corresponde à diagonal da tela. Como os aparelhos de tela fina são em formato 16:9 (isto é, as imagens são exibidas em um retângulo bem acentuado, com a largura quase medindo o dobro da altura), enquanto os CRT são 4:3 ("quadrados"), isso resulta numa área esticada e com sensível perda de altura na tela de 21,5 polegadas LED em relação ao equivalente de tubo de 21 polegadas. 

Ou, em números aproximados: 

- TV CRT 21 polegadas: 30,6 cm de altura e 40,8 cm de largura (diagonal de 53 centímetros). Área de aproximadamente 1248 centímetros quadrados.

- TV LED 21,5 polegadas: 26,8 cm de altura e 47,6 cm de largura (diagonal de 54,6 centímetros). Área de aproximadamente 1275 centímetros quadrados. Embora a área seja pouca coisa maior e haja ganho de quase 7 cm na largura, a diferença de altura é de quase 4 cm a menos, o que pode desestimular muita gente.

Se alguém quiser um aparelho que possa substituir seu CRT 21'', deve optar por um LED 24'', cuja altura é de 29,9 cm, pouca coisa menor do que o antigo CRT, com grande ganho de largura (53,1 cm). Ou partir para um de 26'', cuja altura é de 32,4 cm (1,8 cm a mais que no CRT). O resultado pode ser compensador, embora uma tela de 26'' seja relativamente cara (em torno de R$ 900,00) e muitas vezes não tenha alta resolução. Uma opção mais interessante ainda seria partir para uma tela de 32'', cujo preço está em torno de R$ 1100,00 para um modelo full HD.

Comparação de tamanho entre um 26'' LCD (ou LED) e um 21'' CRT (direita). Telas de 21,5 polegadas para as LED são sensivelmente menores do que o aparelho da esquerda.

Bom mesmo, obviamente, é partir para as telas realmente grandes, como 55'', que custam em torno de R$ 3000,00 para os modelos mais em conta. Há pouco tempo atrás, custavam o triplo desse valor.

Se nada disso importa, ou se o dinheiro for realmente curto, pode-se arriscar comprar outra TV de tubo. Mas em 2016 o padrão digital será o predominante, e esses aparelhos terão o mesmo destino dos antigos video-cassetes e vitrolas: o museu.


P.S.: curiosamente, nas décadas de 1980 e 1990, havia consórcios para a compra das TV's de tubo, pois o Brasil passava por uma economia terrivelmente instável e falta de poder aquisitivo; hoje em dia, ninguém precisa de consórcio para comprar sua telona LED ou plasma, e sim de 12 ou mais parcelas no cartão de crédito.