quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus papa

ARGENTINO!

Esta é a nacionalidade do novo papa. A imprensa internacional apostava no cardeal de Milão, Angelo Scola, de orientação mais progressista. Portanto, era a volta dos italianos à Santa Sé e à política de Paulo VI (1963 a 1978), o último dos progressistas a comandar o Vaticano. 

Outras fontes especulavam que ele seria jovem, europeu e adotaria o nome de Leão XIV, em homenagem a Leão XIII, um papa com visão de estadista que reinou de 1878 a 1903. 

Por aqui, muitos apostavam em D. Odilo Scherer, um conservador na linha dos anteriores, João Paulo II e Bento XVI. Seria o primeiro papa de origem americana e continuaria a cruzada contra uma visão considerada muito 'mundana' da Igreja, como queriam alguns teólogos progressistas. Com "apenas" 63 anos, teria potencial para ficar muitos anos à frente da Igreja Católica.

Após cinco votações, terminou o conclave, relativamente rápido. A Igreja Católica ficou apenas 13 dias sem um chefe. De fato, é o primeiro pontífice de origem americana, e também segue a linha dos papas imediatamente anteriores, pois condena o aborto sob qualquer hipótese e se opõe ao uso indiscriminado dos anticoncepcionais, além de ser contra maiores concessões à prática homossexual. Mas ao contrário de D. Odilo, já tem uma certa idade: 76 anos. E, repito, é argentino. Jorge Maria Bergoglio, contra os prognósticos, foi eleito e adotará o nome de Francisco, em homenagem a São Francisco, o padre que dedicou sua vida aos pobres e à natureza. Curiosamente, não houve papa anterior que adotasse esse nome. 

 Habemus papa Francisco (AP/Dmitri Lovetsky)

Bergoglio, jesuíta de formação e nomeado cardeal por João Paulo II, é contrário à ostentação e defende medidas práticas para combater a pobreza. Prefere andar de ônibus e mora num apartamento simples. Muitos podem considerar um indício de uma reforma moral da Igreja que foi tentada por João Paulo I, abortada por seu curtíssimo reinado de 33 dias em 1978. 

Além de ser conservador e ter uma visão a favor dos pobres, ele também se manifestou abertamente contra a política populista e chavista de Cristina Kirchner, a ponto desta considerar o sacerdote como o principal opositor de seu governo. Não só se opõs ao "casamento gay" permitido pelo governo argentino, como também defendeu a livre iniciativa e os empresários contra o intervencionismo, e acha as atitudes de Kirchner como nocivas ao povo argentino.

A Igreja preferiu, portanto, manter a tradição doutrinária, e ao mesmo tempo inovou ao escolher o primeiro papa não-europeu desde o século VIII. O último não-europeu foi Gregório III, da Síria, que chefiou os católicos de 731 a 741. Francisco iniciará um pontificado com grandes desafios para enfrentar, e provavelmente vai contar com o auxílio do papa emérito, Bento XVI.

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