Nicolás Maduro foi eleito presidente da Venezuela, cargo que ocupava interinamente desde a internação de Hugo Chavez, que acabou morrendo devido ao câncer.
Este bigodudo semi-desconhecido até 2012 foi eleito para suceder Chavez (foto da Wikipedia)
O sistema eleitoral afirma que 50,7% dos votos foram dados a Maduro, contra 49,3% faturados por Henrique Capriles, candidato da oposição. É uma diferença muito pequena, suscitando o não-reconhecimento da derrota pelo candidato anti-chavista. Também mostra como a Venezuela está dividida. As idéias "bolivarianas" estão mais fracas do que nunca, e já vinham mostrando sinais de debilidade já quando Chavez ainda estava forte no poder. A crise econômica de 2008-2009 afetou seriamente a Venezuela e o país teve de racionar energia e água, além de ter problemas no fornecimento de alimentos, já que, ao contrário do petróleo, a agricultura não é a base da economia local.
Isso faz parte do passado, e agora o caudilho está morto. Seu sucessor tem pouca projeção e, apesar de ter ocupado a presidência desde 2012, por motivo de saúde de seu mestre, Nicolás Maduro nunca exerceu um cargo administrativo. Ele foi motorista de trem e deputado pelo MVR, o Movimento V República, fundado por Chavez, além de ser nomeado ministro das Relações Exteriores, cumprindo docilmente as ordens do comandante. Logo, parece estar 'verde', em contraste com seu sobrenome.
Boa parte dos venezuelanos duvidaram da sua capacidade para gerir um país desigual, com ainda muita pobreza apesar das medidas populistas tomadas nos últimos anos, daí a expressiva votação em Capriles, um jovem político de 40 anos - 10 a menos que Maduro - que já presidiu a Câmara dos Deputados e governou por 12 anos o Estado de Miranda, conseguindo fazer isso em pleno regime chavista, apesar de ser um dos líderes do partido Primero Justicia, conservador e a favor do alinhamento com os Estados Unidos. O fato de Capriles também ser inclinado para o populismo e ter certos arroubos a la Collor não o ajuda muito diante daqueles que só o vêem como um títere dos "ianques".
A tarefa de Maduro será espinhosa, e muitos acham que ele não vai conseguir se sobrepor à oposição, ainda mais com Capriles como um dos mais combativos líderes. Os indicadores sociais, como já foi citado aqui, estão longe de serem considerados aceitáveis, e as medidas autoritárias tomadas por Chavez já não são mais aceitas por lá. A inflação anual de 30% corrói o salário dos trabalhadores venezuelanos, e aqui no Brasil já se sente o estrago com um índice de 6,5%. Violência, déficit fiscal, dependência excessiva do petróleo, são outros problemas. Na verdade, ninguém sabe ao certo qual será o futuro da Venezuela.
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