terça-feira, 5 de novembro de 2013

Da série 'Tabela periódica como você nunca viu - Parte 12' - Os preciosos

Finalmente, depois de tantos elementos considerados vagabundos reativos, esta série vai abordar os metais menos reativos, chamados de preciosos, por serem raros, valiosos e fáceis de purificar. 

Quimicamente, esses metais não são muito a fim de fazerem sacanagem com os não-metais. Também por serem raros, acham-se a elite da elite. Estão agrupados no chamado "grupo da platina" e na família 1B, os chamados metais-moeda. 

O grupo da platina é formado por metais bem metidos a besta que, nas raras relações com outros elementos, seguem a tradição dos metais de transição: juntar-se ao oxigênio, enxofre e halogênios para enfiar-lhes elétrons e participar de surubas com não-metais e outros metais. Como os metais-moedas, quando existe um elemento mais tarado, como o ferro ou o alumínio, se eles encontram um desses metais almofadinhas junto com o oxigênio ou outro não-metal, não fazem a menor cerimônia: pegam o não-metal e despacham o rival sem piedade. São chamados de 'os novos ricos', em contraste com os 'tradicionais' ouro e prata. 


- Rutênio: É um metal de nome muito esquisito, derivado de ruthenium (Rússia, em latim). Esse camarada se gaba de não ser atacado nem pela água-régia, a substância capaz de dissolver o ouro ou a platina, mas em compensação não esconde sua vontade de, às vezes, pegar até quatro oxigênios de uma vez para fazer safadeza o tetróxido de rutênio, uma meleca que, por sua vez, acaba se envolvendo facilmente com os metais alcalinos, os mais tarados e menos nobres que existem. Por causa disso, o rutênio é visto como esquisitão até mesmo pelos outros membros do grupo da platina. Tem a capacidade de deixar todas as ligas extremamente duras.

- Ródio: Este delicado metal é conhecido pelos seus sais cor-de-rosa (ui!) e por isso prefere não fazer as suas relações com os não-metais com muita frequencia, para não gerar comentários maledicentes. Fora isso, é muito metido a besta e só gosta de ficar nas jóias bem caras, principalmente as feitas com ouro. Às vezes gosta de surubas envolvendo o oxigênio e os metais alcalinos, aquela gentalha. 

- Paládio: Como o ródio, o paládio é um metal bem metido que adora jóias e outros objetos bem valiosos. Em liga com o ouro, forma o ouro branco. Possui certa consciência ecológica, pois é usado nos catalisadores dos automóveis, para eliminar os gases tóxicos antes de serem liberados nos escapamentos. Também é usado nos tratamentos dentários caríssimos para consertar a boca dos playboys e patricinhas que nadam em dinheiro. Aliás, esse metal afrescalhado detesta sexo, quase tanto quanto o ouro ou a platina, e faz uma relação bem chove-não-molha com o hidrogênio, embora goste bastante da companhia dele.

- Ósmio: Este é um motivo de vergonha para o restante do grupo, pois seus compostos, principalmente o tetróxido de ósmio, fedem como a boca do capeta. Ele gosta bastante de relações indecentes com não-metais e metais alcalinos, e portanto os outros membros do grupo, tirando o irídio, não o suportam por se comportar como a gentalha. Só não o empurram para fora porque é o elemento mais pesado de todos os da tabela periódica, tirando certos elementos artificiais. 

- Irídio: Disputa com o ósmio o campeonato de densidade, ou seja, ele também é muito pesadão. Ao contrário do ósmio, o-dei-a sexo e prefere as amizades com outros metais preciosos, incluindo o ósmio (é o único amigo dele no grupo da platina). É um metal muito afrescalhado e com jeito de gay (embora seja na verdade assexuado), daí o nome irídio, derivado de "arco-íris", o símbolo GLBT. É tão delicado e difícil de trabalhar que os metalúrgicos e joalheiros nunca o usam puro.

- Platina: É a rainha dos elementos químicos, se considerarmos o ouro como o rei dos metais. A platina chega a ser mais metida a besta que o metal amarelo vizinho, e também seu preço é muito maior. Dá piti se a comparam com a prata, essa "pobretona". Tem verdadeiro pavor de sexo com um não-metal (que nojo!), embora às vezes acabe cedendo às taras do oxigênio, do enxofre, do flúor e principalmente do cloro. A água-régia, mistura de ácido clorídrico com o nítrico, faz um verdadeiro estupro na platina, acabando com a sua majestade, literalmente.


Os metais moedas são o cobre, a prata e o ouro, a velha guarda conhecida desde a Antiguidade. Como ricos tradicionais, parecem meio decadentes, e muitas vezes são ridicularizados pelos novos-ricos do grupo da platina, pois os preço desses metais mantêm-se estáveis, enquanto o de outros metais vem aumentando. Principalmente o ouro gosta de alardear a sua nobreza, mas existem muitos detalhes comprometedores sendo descobertos.

- Cobre: É o pobretão da família dos metais moedas. Gosta de se dizer nobre, mas não resiste a um não-metal e reage prontamente com ele, como qualquer metal vagabundo, formando sais capazes de fazer viúvas, em geral de cor verde ou azul, a cor típica dos venenos. A diferença é que apanha de qualquer metal mais garanhão. Gosta de se juntar com a gentinha, aliás, com metais baratos como o zinco e o estanho, para formar ligas de pouco valor, como o latão e o bronze. Seu prestígio vem aumentando por causa da sua condutividade elétrica maior que a do alumínio e do aço. Fica lisonjeado quando dizem que ele é um metal de cor vermelha, mas a verdade é outra: ele é cor-de-rosa e só adquire o tom avermelhado por causa da camada de óxido. E a boiolice não é só aparente, pois ele também a-do-ra metais alcalinos em surubas com o oxigênio, formando porcarias com nome feio, os cupratos. Há quem diga que existem os cupretos, ou seja, o cobre se comportando como não-metal, mas ninguém viu um. Enfim, esse metal não passa de motivo para esculacho, tanto é que no Brasil seu símbolo é um termo de baixo calão.

- Prata: A prata parece uma velha da nobreza decadente, sempre dizendo que é nobre. Além de ter muitos sais de prata, todos venenosos e peçonhentos, mostrando que a velha é uma tarada por não-metais, seu preço atual é de meros US$ 600 por quilo. Esse preço é inferior até ao do nióbio, um metal que não é nobre. Para piorar tudo, muita gente tem alergia à prata, indicando que ela reage com os fluidos corporais - leia-se sexo selvagem com compostos orgânicos. Traduzindo, isso é pura pose.

- Ouro: Este é o "rei dos metais", o que no mundo atual não quer dizer nada, já que os reis agora são vistos como pedantes, preguiçosos e metidos a besta. De fato, este metal é amarelão até na hora de se envolver com outros elementos. Antigamente, ele fazia disso um ponto positivo, afinal o ouro pode ficar milhares de anos sem perder o brilho, e blá blá blá. Na verdade, ele tem uma tara especial pela água régia, uma combinação de ácido clorídrico (que fornece o cloro tão cobiçado pelo ouro) e nítrico (o Viagra responsável pelo apetite sexual desse metal esnobe). Além disso, gosta muito do telúrio, um elemento andrógino, que mais parece um metal, na chamada "calaverita" (o nome dessa relação esquisita). Sua milenar fama de nobre foi abalada por práticas como a do Sílvio Santos, especializado em vender ouro alegando "valer mais do que dinheiro". 

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