quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Brigando mais feio na campanha

Com Marina Silva (PSB) na disputa, a campanha eleitoral para a Presidência ganhou em emoção e tornou a vida dos adversários, particularmente Dilma (PT) e Aécio (PSDB), mais difícil. 

Ontem, o Ibope mostrou novos números referentes às pesquisas. Dilma está com 34% e ainda está na frente, mas já não tem como escapar do segundo turno. Marina está com 29%, 10 pontos percentuais à frente de Aécio. Os demais, chamados de 'nanicos', mal aparecem. Luciana Genro, do PSOL, empata com o pastor Everaldo, do PSC, com míseros 1% nas pesquisas. Os demais, como Zé Maria (PSTU), Eduardo Jorge (PV), Rui Costa Pimenta (PCO), Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e outros, estão praticamente sumidos. 

Nas pesquisas sobre eventual (e provável) segundo turno, Marina derrotaria Dilma, com 45%, contra 34% da petista. Isso mostra que o futuro do PT realmente está ameaçado como governo. Dilma venceria Aécio no segundo turno: 41% contra 35%. Parte dos marinistas não quer realmente a volta dos chamados "conservadores", embora o PSDB esteja longe de ter esse perfil. Aqui no Brasil, o PT conseguiu turvar ainda mais o pensamento político, que já era bastante confuso mesmo no governo FHC.

O Ibope também mostrou o índice de rejeição. Dilma é a mais rejeitada, de longe, com 36%. Aécio tem apenas a metade disso, enquanto o pastor Everaldo tem 14%, mostrando que muitos já o conhecem e não aprovam o "direitismo" do candidato. Marina Silva tem uma rejeição de apenas 10%.

Os candidatos pastor Everaldo, Luciana Genro, Marina e Aécio no debate da Band (Miguel Schincariol/AFP)

Com o debate realizado na Band, os ânimos acirraram-se, e Marina pode ganhar (ou perder) mais votos, adotando uma postura incisiva e agressiva contra os adversários. Ela fez questão de apontar o governo do PT como corrupto e o PSDB como descompromissado com as causas sociais. Criticou a divisão entre petistas e tucanos, e falou em "união", algo que pode ser interpretado como um governo de conciliação ou uma ditadura, já que as divergências são normais em um ambiente político de países com organização complexa e grande população, como é o caso do Brasil.

Já Dilma, que parecia na defensiva, falou da falta de experiência administrativa de Marina (Lula também não tinha antes de se tornar presidente, e ainda por cima nunca foi ministro, como foi Marina, ex-ministra do Meio Ambiente). Ela seguiu o roteiro traçado e não ousou, mas está dando mostras de desgaste, principalmente após a tensa entrevista na semana passada transmitida pelo Jornal Nacional da Globo, onde ela foi "massacrada" por William Bonner (que não poupou Aécio e o falecido Eduardo Campos, diga-se). Ela chegou a defender a regulação da mídia, como se ela fosse a inimiga do país e não os vícios da nossa política por caixas dois e compras de votos.

Aécio Neves ensaiou uma postura mais beligerante, atacando tanto Dilma e a corrupção quanto Marina e a sua falta de coerência ideológica. Teve bons momentos ao dizer que "o povo adoraria viver na propaganda do PT", mostrando as diferenças enormes entre o marketing e a realidade, mas ainda não está convencendo como candidato capaz de derrotar Dilma. Ele ainda discursa para um público fiel, escolarizado. Muitos o apontam como vencedor do debate, por sua postura firme, mas ele ainda não parece atrair o "povão" por não ter mesmo o carisma de seu avô, Tancredo. 

No debate, não puderam faltar alguns nanicos. O pastor Everaldo não conseguiu nem provocar risos, de tão constrangedor em falar, sem convicção, sobre a importância do Brasil viver sob livre mercado e sem um Estado tão inchado e ineficaz. Os outros microcandidatos foram mais engraçados, principalmente Eduardo Jorge e sua postura meio amalucada (e defendendo a descriminação das drogas). Luciana Genro assumiu uma postura ultra-radical, apontando Aécio, Dilma e Marina como lacaios do capitalismo. Levy Fidelix, o do aerotrem, também atacou bastante os outros candidatos com seu estilo histriônico.

Assim, nesta semana o Brasil pôde constatar uma verdadeira guinada na corrida presidencial. A disputa começou para valer.

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