Em Santos, um avião de pequeno porte caiu, matando todos os ocupantes. Parece mais um acidente de avião qualquer, se dentro dele não estivesse um dos candidatos de oposição ao governo Dilma, o presidenciável Eduardo Campos.
Eduardo Campos, candidato do PSB, tinha apenas 49 anos ao morrer (Ag. Estado)
Neto de Miguel Arraes, um dos políticos mais influentes em Pernambuco, o presidenciável foi também governador daquele Estado entre 2007 e 2014, cumprindo dois mandatos. Antes, foi deputado federal pelo PSB e ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula.
Sua postura como governador de Pernambuco foi marcada por ambiguidades: no início, era alinhado com o governo do PT, mas depois passou a ter uma postura mais independente, principalmente quando Dilma assumiu o governo. Seu governo apresentava números bastante convincentes em termos de redução da violência, da criminalidade, do deficit educacional e da mortalidade infantil (embora o Estado nordestino ainda esteja péssimo nestes quesitos e ainda por cima seu IDH - índice de desenvolvimento humano - é o nono mais baixo do país).
Durante a campanha eleitoral, Campos teve de se afastar do governo, conforme determina a lei, e se empenhou para melhorar seu desempenho nas pesquisas. Fez alianças com Marina Silva, a líder do natimorto Rede Sustentabilidade, e suas críticas à gestão Dilma foram notáveis, embora ele fizesse questão de poupar Lula, justamente o responsável pela candidatura da atual presidente. Teve de sofrer um pouco para conquistar votos no setor agropecuário, porque Marina tem uma visão bem menos simpática ao agronegócio, em relação ao pesebista.
Eduardo Campos tinha 9% das intenções de voto, o que pode não parecer significativo, mas na verdade incomodava bastante o PT e o PSDB. Seu desempenho modesto é devido ao seu relativo desconhecimento fora de Pernambuco (e mesmo lá ele tinha 40% das intenções de voto, contra 39% de Dilma e menos de 10% para Aécio) e propostas entre confusas e pouco viáveis para tentar administrar uma nação problemática como a nossa, exatamente o que fazem seus concorrentes. Ontem mesmo, ele foi entrevistado pelo Jornal Nacional e só ficou lembrado mesmo pela comparação da economia brasileira com o infame 7 a 1. Neste caso, 7% de inflação e 1% de crescimento, segundo suas palavras (na verdade, nem são propriamente suas, pois o governador paulista Geraldo Alckmin já havia feito essa analogia antes em discurso de campanha feito em Barueri).
Com a morte do ex-governador, o rumo da campanha presidencial está mudando bruscamente. Ainda não se sabe o que o PSB irá fazer: colocar Marina Silva na campanha ou retirar-se. Já existem inclusive boatos sobre o envolvimento do PT ou do PSDB na morte, como se tratasse de um assassinato político, o que não passa de uma "teoria da conspiração" sem fundamento. Todavia, esta tragédia ocorrida em dia sinistro - 13 de agosto - terá consequências terríveis para o Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário