quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Saiu o relatório final (?) da Comissão da Verdade

Vou ter de ser breve na postagem, devido ao tratamento da infecção ocular. Dia 12 vou ter de ir à oftalmologista para fazer novos exames. 

Enquanto isso, lá em Brasília a Comissão Nacional da Verdade anunciou o seu relatório (ler AQUI). O trabalho evita explicitamente bater de frente com a atual Lei da Anistia, mas sugere (não impõe) o fim da Polícia Militar e amplo processo contra os agentes da ditadura militar. 

O documento não traz grandes novidades, e confirma o que se sabe: Juscelino Kubitscheck, o presidente que mandou fundar Brasília e foi considerado um dos grandes estadistas do nosso país antes de ser cassado pelo regime militar, morreu mesmo em acidente de carro; Vladimir Herzog foi assassinado pelo DOI-CODI; João Goulart não foi envenenado, embora o relatório não seja categórico neste aspecto. 

377 nomes, entre pessoas ainda vivas e já falecidas, foram responsabilizadas pelo aparato da ditadura. Foram computados 434 vítimas da repressão (um número relativamente pequeno, se comparado ao montante de pessoas assassinadas pelas ditaduras chilena, argentina ou cubana - mas mesmo assim longe de ser motivo de orgulho para a nação). Para punir esses crimes, teria de haver uma revisão da lei da Anistia, algo que não é unanimidade nem mesmo entre os membros da Comissão. 

Devido ao viés ideológico, ficaram no ar o que aconteceu com alguns nomes que a dita "esquerda" odeia, como Carlos Lacerda, sabidamente outro opositor da ditadura que teve morte súbita e passível de investigação, em 1977. Os crimes cometidos pela "luta armada", formada pelas guerrilhas (Dilma fez parte de uma delas, a VPR-Palmares), não foram sequer citados. 

Por isso, para os militares e críticos mais conservadores da Comissão, o que houve foi revanchismo. O trabalho seria movido por vingança, e não pela vontade de apurar a verdade. Por outro lado, muitas organizações de direitos humanos, como o Tortura Nunca Mais, também ficaram frustrados devido ao teor considerado pouco enfático contra os responsáveis por um período bem pouco memorável na nossa História. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário