Previ que não haveria "Black Friday" em 2015, devido à depauperação do consumidor, numa das profecias "furadas" feitas no início do ano. Haveria, sim, é óbvio. O comércio daria um jeito de manter esta relativamente nova tradição na semana do "Thanksgiving", o dia da Ação de Graças norte-americano, para aquecer as vendas.
Desta vez, a cópia pareceu ainda mais depravada do que de costume. Se nos anos anteriores, manobravam para vender "tudo pela metade do dobro", desta vez fizeram pior, em vários casos: aumentaram o preço, diminuíram um pouco, mas acima do patamar antes desta semana. Ou seja, neste sentido fizeram uma "Black Fraude", digna das piadas e sátiras que se multiplicaram na Internet.
O pior é ver gente comprando mesmo assim, na ânsia de ter aquele smartphone, TV ou eletrodoméstico tão desejado. Para piorar, em muitas lojas virtuais o preço do frete aumentou, provavelmente para diminuir a possibilidade do produto não chegar ao seu destino. Com mais vendas, as transportadoras são mais exigidas, aumentando o risco de extravio. Mas, na prática, o aumento na taxa de entrega pode deixar o produto mais caro do que antes, violando a ideia original elaborada nos Estados Unidos.
Para muita gente, era oportunidade de comprar por receio de aumentos em massa, causados pelo fim da isenção de impostos para smartphones, tablets e outros eletrônicos atingidos pela Lei do Bem. Assim, os aparelhos mais baratos e fabricados aqui passarão a ter seus preços afetados pela taxa PIS/Cofins, como os demais. Ainda por cima, o dólar disparou no segundo semestre deste ano, por consequência da turbulência política e econômica no Brasil.
Portanto, muitos perderam dinheiro agora, para não perder ainda mais na época do Natal. Por isso, a sensação da "Black Friday" ficar com mais cara de "Black Fraude" do que nunca antes neste país.