domingo, 22 de novembro de 2015

O kirchnerismo derrotado

Eu pensei em postar sobre o avassalador 6 a 1 do Corinthians sobre o São Paulo, na Arena Corinthians, mas resolvi escrever sobre outra vitória bem mais apertada, porém mais relevante para o futuro da América Latina. 

Maurício Macri quando foi prefeito de Buenos Aires (Wikimedia)

Maurício Macri, da frente "Cambiemos" ("Mudemos"), teve de enfrentar Daniel Scioli, o candidato situacionista da chapa "Frente para la Victoria" e apoiado ostensivamente pela presidente Cristina Kirchner, herdeira do peronismo, ou melhor, de sua vertente mais populista, o "kirchnerismo" chefiado pelo seu falecido marido Néstor Kirchner. As urnas ainda não foram totalmente apuradas, mas com cerca de 70% dos votos lidos, a vitória do ex-prefeito de Buenos Aires está garantida. Macri está vencendo com cerca de 53,5% dos votos válidos. No primeiro turno, era Scioli que havia vencido, com 37% dos votos, contra 34% do candidato anti-peronista.

Macri também foi ex-presidente do clube portenho Boca Juniors, e foi acusado de fazer do clube uma plataforma política, apesar do clube ter ganho vários prêmios durante sua gestão, entre 1995 e 2007. Entre eles, a maior parte dos seus seis títulos pela Copa Libertadores da América (2000, 2001, 2003 e 2007). 

Esta peculiaridade e mais a suposta campanha para destruir o legado do kirchnerismo foi explorada pelos situacionistas, que usaram todos os meios, até os mais agressivos, para deter Macri. Muitas medidas feitas por ele quando prefeito de Buenos Aires também foram apontadas como contrárias ao povo, como a repressão aos moradores de rua e um processo segundo o qual ele foi acusado de promover grampos para espionar políticos e empresários. Por outro lado, Cristina Kirchner sempre foi acusada de perseguir a oposição, tentar calar a imprensa inclusive com força policial e estar envolvida no suposto assassinato do promotor Alberto Nusman, que investigava o atentado contra a embaixada de Israel, no qual 29 pessoas morreram. Além disso, Daniel Scioli é visto como um mero instrumento para Cristina, de fato, permanecer no poder. Mesmo assim, ela ainda tem o apoio de 40% dos argentinos, muito, diante dos menos de 10% de aprovação da nossa presidente no Brasil. 

Com a derrota dos peronistas, todos os governos ditos "bolivarianos" perderam. Certamente, o governo brasileiro também perde, pois Macri não será tão alinhado com Dilma quanto foi Cristina. O presidente eleito pretende rever a inclusão da Venezuela no Mercosul e adotar medidas econômicas austeras para reverter a má situação do país, com gastos públicos excessivos, inflação alta (13,3% entre setembro de 2014 e agosto de 2015, segundo fontes oficiais) e crescimento da miséria, apesar da política populista empregada pelos Kirchner, que inicialmente favoreceu o crescimento econômico e o combate à miséria, mas cuja fórmula se desgastou. Ele precisa ainda enfrentar a maioria parlamentar formada por membros da "Frente para la Victoria". 

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