terça-feira, 24 de novembro de 2015

Quais os próximos passos?

Não contentes com a lei que amordaça a imprensa sob o pretexto de garantir o direito de resposta aos jornais, alguns dos nossos ilustres representantes no Legislativo querem impedir provedores, redes sociais e portais de divulgarem opiniões consideradas injuriosas de seus usuários contra os congressistas. 

O Marco Civil da Internet já prevê punições a quem usar a Internet para ofender os outros, e é relativamente fácil descobrir os autores das injúrias, por meio do rastreamento de IPs. Porém, muitos deputados zelosos pensam que isso não é suficiente. Eles querem calar quem ofende sua honra, uma qualidade bem mais subjetiva do que eles imaginam. Afinal, "honra" pode significar a preservação de sua imagem, mesmo que ela esteja manchada de crimes como corrupção, tráfico de influência ou mesmo assassinatos.

Para garantir os interesses de seus eleitores eles foram eleitos, e não para proteger os seus próprios interesses contra eles. Em qual país considerado avançado medidas assim são tomadas?

Quais vão ser os próximos passos? Usar a força policial para invadir prédios de jornais? Permitir o uso de armas de fogo contra manifestações na Praça dos Três Poderes que possam representar ameaça à integridade física ou moral dos ilustres parlamentares? 

O Brasil precisa avançar, e jamais retroceder. Não se pode dar ao luxo de rasgar a Constituição para preservar a imagem de quem foi eleito para ocupar as cadeiras do Legislativo ou do Executivo. Aqui não será a Venezuela, nem a ditadura chinesa, e nem Mianmar, países que julgam incompatíveis a liberdade de expressão com a atividade política. Precisamos amar mais a democracia e saber preservá-la contra quem a tenta sufocar.

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