Como será 2016 para o Brasil?

Esta é uma pergunta absolutamente difícil de responder, devido aos acontecimentos a cada dia mais insólitos.

Um senador da República, Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do PT, está preso desde ontem por elaborar um plano de fuga para Nestor Cerveró. Ele também está envolvido no esquema investigado pela Operação Lava-Jato, e foi acusado de receber propina referente à venda da famigerada refinaria em Pasadena, aquela comprada a preço exorbitante e com utilidade questionável. Apesar dos protestos veementes do presidente do Senado contra a decisão da Polícia Federal, autora da prisão, os senadores, da oposição, da maioria do PMDB e até alguns petistas votaram a favor. Esta medida foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal. O ex-presidente Lula está preocupado com o patamar das investigações e teme ser visado diretamente pela Lava Jato. Por enquanto, ele se limitou a maldizer o senador preso, em discurso de hoje para dirigentes da CUT e do PT. 

Delcídio do Amaral foi denunciado por Cerveró pela compra da refinaria em Pasadena (Paulo Ribas/Correio do Estado - MS)

Outro preso foi o banqueiro André Esteves, dono do Banco Pactual, também acusado de participar do plano para a fuga de Cerveró e efetuar pagamento para o ex-executivo da Petrobras, assim como a outros envolvidos na mega-roubalheira, como Fernando Collor. Membros da CPI da Petrobras também acusam Esteves de ter acesso a dados sigilosos da Operação Lava-Jato.

Por outro lado, continuam os debates sobre a lama que tomou conta da bacia do rio Doce após a maior demonstração de negligência de uma mineradora e dos órgãos de fiscalização já vistos nos últimos tempos. Enquanto fala-se em dez anos para o rio Doce voltar a ser aproveitado para o abastecimento de cidades e propriedades rurais, ainda não se fez uma investigação consistente para avaliar e punir os culpados. 

Na economia, a deterioração das contas públicas continua, embora o Planalto esteja, sem muita convicção, querendo mostrar que está as controlando. Mês passado, depois dos anúncios do tal ajuste fiscal e do saneamento prometido pela Fazenda, divulgou-se um déficit primário de mais de R$ 12 bilhões, mostrando desarranjo crônico nas finanças do governo. O pior é ter de ouvir a cantilena da CPMF como única solução para um problema criado não pelos brasileiros mas por quem os representa. 

Por falar nos brasileiros, muita gente, desesperada com as contas a pagar e a inflação, resolveu colocar as esperanças na Mega-Sena, mas um único ganhador - de Brasília - aumentou as suspeitas a respeito da lisura dos sorteios. Ninguém tem mais esperança em progresso, nem em 2016. 

São os brasileiros, aliás, que estão querendo encontrar a resposta para a pergunta do título, mas, se a situação do país for comparada a uma trajetória, ela se parece muito com uma caminhada de alguém que tomou uma garrafa inteira de cachaça. Ou seja, por enquanto se alguém disser que tem uma resposta está, na melhor das hipóteses, dando um palpite.