Num país cuja população é fortemente miscigenada como a nossa, fica mais difícil definir quem é considerado negro ou "pardo" (termo pouco aceito atualmente, sendo melhor empregar a palavra "mestiço").
Um jovem de 17 anos, Gláucio Dalalio do Livramento, inscrito no programa PPI (pretos, pardos e indígenas) não teve a matrícula aceita na Faculdade de Direito por não ser considerado "pardo", com base em seus traços fenotípicos: pele clara (embora a foto abaixo mostre que esse critério é questionável), lábios e cabelos relativamente lisos (etíopes, somalis e até alguns guerreiros masai, na África Oriental, possuem essa característica). Boa parte dos mestiços com ascendência africana são até mais afastados do padrão de negritude.
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Gláucio (o jovem ao centro que não teve o rosto desfocado) teve a sua matrícula negada pela Faculdade de Direito da USP, mas recorreu à Justiça (Divulgação) |
Hoje, a Justiça reverteu a decisão da direção da Faculdade de Direito, com base no processo movido pelo adolescente.
Esse é mais um caso onde as cotas raciais são motivos de questionamento, pois exigiria levantar um histórico com uma ampla gama de ascendentes, ou seja, pais, avós, bisavós, e outros, analisar cada caso e a partir daí estabelecer um critério mínimo de aceitação, ou seja, quantos parentes diretos se encaixam como negros, mestiços ou indígenas. Muitos querem trocar as cotas raciais por cotas sociais, onde o indivíduo deve declarar sua renda familiar, um processo considerado mais justo e fácil, mas isso esbarra nos movimentos negros.
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