terça-feira, 19 de março de 2024

Após o previsível resultado da eleição russa

Para surpresa de ninguém, o dirigente russo Vladimir Putin venceu as eleições presidenciais com ampla margem - 87,3% dos votos - onde seus opositores ou estão presos, ou no exílio. Ou liquidados, como no caso de Alexei Navalny. 

Seu mandato ficou estendido até 2030, e até lá Putin estará apresentando algum herdeiro político capaz de manter o seu legado, pois ele estará com 78 anos na próxima eleição. Dmitri Medvedev seria este nome, mas pode haver surpresas. De qualquer forma, o país ainda necessita de uma liderança forte e habilidosa, capaz de administrar os problemas tão grandes quanto o tamanho do território russo. 

A guerra contra a Ucrânia e a anexação das áreas do leste em "referendos" contestados pelo Ocidente é apenas uma delas. Apesar da imensa superioridade militar dos russos, contando com Forças Armadas entre as mais poderosas da Terra, o país vizinho ainda resiste e consegue lançar contra-ataques, atingindo instalações petrolíferas russas na costa do Mar Negro. Putin ameaçou mais de uma vez usar parte de seu imenso arsenal nuclear se a OTAN se atrever a atacar territórios russos. Isso faz parte dos jogos de guerra atuais, pois ninguém está realmente interessado numa "guerra atômica" e suas consequências terríveis para o planeta. 

Ainda existem os esforços para manter a integridade territorial com povos tão etnicamente diversos, como os viventes no Cáucaso (chechenos, ossetos, calmuques) e na Sibéria (tuvanos, tunguses e até os ainus das ilhas Kurilas, disputadas com os japoneses). A estrutura social ainda se ressente da presença de muitas oligarquias econômicas, dirigismo estatal, miséria e ausência de liberdades comuns nas democracias ocidentais. Ainda há os grupos separatistas e terroristas, principalmente de origem islâmica, sempre garantia de conflitos principalmente no Cáucaso. 

Apesar de sua pouca disposição em moderar as suas ações, o dirigente russo consegue apoio em parte da opinião pública inclusive do Ocidente, por várias vezes se declarar contra as ideologias "progressistas" consideradas contrárias às tradições dos povos, e também contra as agendas econômicas e ambientais vindas principalmente da Europa, vistas como desvinculadas da realidade, intervencionistas e causadoras de crises no fornecimento de alimentos de acordo com seus críticos, como muitos agricultores na França e Alemanha, autores de protestos contra seus governos. 

Vladimir Putin continuará a exercer a sua política para manter a Rússia como um dos atores principais. Até os seus críticos mais ferozes, que enxergam-no como um déspota, entendem a relevância dele para o equilíbrio de poder no mundo. 

Putin vai continuar a governar a Rússia, independente dos anseios ocidentais (Divulgação)


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