O Brasil está bem próximo de um ponto de ruptura institucional, com o acirramento dos ânimos e a radicalização das posições.
Muitos apoiadores do atual governo se dizem contra posturas "salvacionistas" do ex-presidente Jair Bolsonaro ou de partidários dele. Ironicamente, quem está agindo dessa forma, como um salvador da pátria, é o ministro do STF Alexandre de Moraes, apontado até por moderados como juiz, juri e executor. Além disso, ele também faz o papel de vítima, de promotor e de advogado de acusação contra o chamado "bolsonarismo", comparado muitas vezes ao nazismo e ao fascismo por parte da opinião pública, mesmo por quem não apoia o governo. E, para muitos governistas, liberais e conservadores são ditos "fascistoides". Não são fascistas, mas, segundo eles, parecem.
Os governistas não consideram Moraes como salvacionista, e sim os membros da oposição que ocuparam a Câmara e o Senado em sinal de protesto, exigindo a votação da anistia aos manifestantes presos após o 8/1 em uma série de inquéritos irregulares. E também o impeachment de Moraes, tarefa dos senadores. A gota d'água foi o ministro do Supremo ter colocado o ex-presidente em prisão domiciliar, ameaçando com a cadeia se o STF alegar reincidência nos contatos de Bolsonaro com seus correligionários e simpatizantes, pelas redes sociais ou não.
Davi Alcolumbre, presidente do Senado (esq.) e Hugo Motta, presidente da Câmara, foram obrigados a fechar os trabalhos como resposta à "rebelião" dos opositores (Saulo Cruz/Ag. Senado) |
Muitos petistas querem parte da oposição, a mais insatisfeita com o status quo, na cadeia, rotulada de "extrema direita" "contra o Estado Democrático de Direito". Mas não querem saber das causas de tanta insatisfação: a economia do Brasil está ameaçada pelo "tarifaço" e pela má gestão, falta de um plano de governo para a nação, e o Executivo muitas vezes se escora no Judiciário e parte do Legislativo (inclusive os volúveis parlamentares pertencentes aos partidos do "Centrão"). Sobretudo, a história nebulosa de terem soltado Lula, preso em várias instâncias por corrupção, a fim de concorrer e vencer a eleição em 2022. E os ecos das vozes ainda tratadas como mero jus sperniandi (ainda não caladas pela força, como se faz em Cuba, Venezuela, Rússia, China e outros países apoiados pelo governo brasileiro) estão mais e mais audíveis e desagradáveis.
N. do A.: Espera-se que esta postagem seja a última da semana a tratar diretamente da política, pois outra vez este espaço se ocupa de poucos assuntos, determinado pela "força maior" dos acontecimentos no Brasil.
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