Este blog está repleto de obituários, mas não dá para não lembrar de um grande mestre do humor no jornalismo, o Sérgio de Magalhães Jaguaribe. Ou melhor, o Jaguar.
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Este blog está falando deste Jaguar... |
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... e não deste, que é o representante máximo da fauna brasileira |
Faleceu com 93 anos o criador do jornal mais lembrado durante o regime militar, o Pasquim, reunindo ele e outras feras como Paulo Francis, Millor, Fortuna, Ziraldo, Tarso de Castro e Sérgio Cabral (o pai, não o filho corrupto). De início tinha uma postura mais leve, tratando às vezes de temas considerados tabu como o divórcio. Depois, com o AI-5, resolveram afrontar o regime com piadas de duplo sentido, charges picantes e o impagável ratinho Sig, criação do agora falecido.
Com o fim do regime militar, o Pasquim entrou em decadência porque a situação ficou mais séria, em todos os sentidos. Não havia motivo para debochar de um governo que trocou a ditadura por uma democracia (à brasileira, e cada vez mais indigesta com o passar do tempo), e a crise econômica pegou todo mundo, inclusive o mercado editorial.
Jaguar passou a fazer charges avulsas em alguns jornais, como O Dia, e em 1999 fez parte da revista Bundas, uma sátira à revista Caras, de curta duração.
Com a sua morte, o Brasil fica (ainda) mais triste, numa época onde o humor deixou de ser livre para ser engessado pelo "politicamente correto" e depois pelo modismo woke. Apesar de ser de "esquerda" e defender ideias progressistas para a sua época, Jaguar não se rendeu a esse novo tipo de comédia.
Abaixo, uma animação com o Sig, a grande criação do Jaguar. Espero que ele não se remexa (muito) no túmulo, pois não é intenção ofender ninguém, muito menos a memória do grande chargista.
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