Já faz tempo que nosso planeta está superpovoado, quando atingiu 3 bilhões de pessoas em 1961. Desde então, o quadro piorou. Agora a Terra comporta mais do que o dobro disso, passados 50 anos.
Com isso, aumentaram os desafios de se produzir alimentos e moradia decentes a mais pessoas, e agravam-se problemas como o lixo e a poluição, sem a necessária contrapartida de exigir um comportamento sustentável e mais racional.
O mundo nunca passou por isso antes. Quando o homem vivia nas cavernas, as brigas entre tribos e os predadores encarregavam-se de manter a população estável. Com o surgimento das cidades e das civilizações, as guerras, o precário saneamento básico e as epidemias controlavam o número de pessoas. Agora, temos os antibióticos e outros remédios, vacinação em massa, redes de água e esgoto, mais recursos para gerar riquezas e bem-estar para mais pessoas, tecnologia na produção de alimentos, maior acesso ao conhecimento. As guerras resumem-se a conflitos localizados em países miseráveis. Os idosos estão vivendo mais e melhor, em termos gerais. Tudo isso são fatores para manter a tendência de crescimento.
O planejamento familiar, fruto de maior conscientização e informação, e motivado pelos custos de se ter um filho, segurou a taxa de crescimento. Mesmo assim, não é o bastante porque entre os mais pobres e com menor escolaridade e acesso à informação, o número de filhos ainda é alto. Como a educação é uma arma poderosa a longo prazo mas não tem efeito imediato, outras medidas terão de ser tomadas.
Quais medidas? Os especialistas pesquisam intensamente sobre isso, mas todas as medidas também não fazem efeito a curto prazo. Restaria medidas tirânicas e desumanas, como a esterilização forçada, a limpeza étnica - eufemismo para o termo genocídio -, a proibição do acesso a alimentos, a deflagração de uma terceira guerra mundial. Mas tudo isso não pode nem deve ser aplicado. Outra possibilidade é ignorar os apelos por sustentabilidade e continuar a desmatar e poluir, causando um colapso no abastecimento de água, envenenamento por efeitos da poluição, aquecimento global e catástrofes climáticas. Isso também não é desejável.
Também existiriam fatores que controlariam a população, mas isso independe da nossa vontade. Tempestades solares, choques de meteoritos de grandes dimensões, corpos celestes de grandes dimensões aproximando-se da nossa órbita ("planeta X", Hercolubus e outros nomes assim). Qualquer estudo sério para administrar os efeitos da superpopulação não leva nada disso em conta.
A superpopulação é um problema que aparentemente deixa grandes e terríveis dilemas a cada um dos 7 bilhões de pessoas. Somos, ao mesmo tempo, os autores e os reféns dessa situação, e sair dessa encrenca exigirá um trabalho gigantesco, para o qual não há alternativa alguma.