quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

São Paulo virou motivo de vergonha!

Arruaceiros provocaram quebra-quebra, rasgaram votos, invadiram o recinto onde os votos eram lidos,  rasgaram e destruíram votos dos jurados, botaram fogo em um carro alegórico e destruíram grades e cadeiras do Sambódromo paulista quando a apuração estava para terminar. 

Este foi o acontecimento mais lamentável do Carnaval em décadas, não só em São Paulo mas no Brasil. 

Um suposto integrante da Império da Casa Verde foi o responsável pelo roubo e destruição dos votos. Membros da torcida da Gaviões da Fiel aproveitaram a confusão e também pressionaram em massa os responsáveis pela apuração, furiosos com uma nota 8,9 dada por uma jurada. Alguns membros da Rosas de Ouro e da Vai-Vai, inconformados com a perda do título para a Mocidade Alegre, que recebou poucos votos diferentes de 10, também contribuíram para transformar o Sambódromo em uma praça de guerra. Membros da torcida da Camisa Verde-e-Branco, uma das duas escolas com pior avaliação, também participaram da bandalheira.

Um dos bandidos que contribuiu para denegrir a imagem do Carnaval paulistano flagrado roubando os votos da apuração (Fonte: Globo.com)

Para piorar, alguém, possivelmente um torcedor radical da Gaviões, jogou um coquetel molotov e provocou um incêndio num dos carros alegóricos da Pérola Negra, uma das escolas que iria ser rebaixada, talvez com a intenção de provocar uma destruição em massa, pois boa parte dos carros estavam reunidos lá, na área da dispersão. Mas agiram logo e apagaram o incêndio antes que ele ficasse fora de controle. 

Enquanto isso, parte da Gaviões da Fiel passou a invadir a Marginal Tietê, a ponte da Casa Verde e a Avenida Rudge, atrapalhando o trânsito e dispostos a atacar com paus e pedras quem estiver atrapalhando o caminho deles para o pátio da agremiação, no Bom Retiro. 

A situação ficou tão feia que muitos especularam sobre o banimento da Gaviões e da Império da Casa Verde devido ao péssimo comportamento de alguns de seus torcedores. A Liga das Escolas de Samba ficou num impasse sobre aclamar a Mocidade como campeã com os votos já apurados, ou continuar a ler os poucos votos restantes, que provavelmente foram destruídos. Rosas, Vai-Vai, Império, Camisa Verde-e-Branco e Pérola Negra tentaram fazer a apuração continuar, mas foram votos vencidos. Logo, a Mocidade Alegre foi aclamada, cinco horas depois do previsto, como campeã. 

Por causa das cenas de selvageria, que repercutiram internacionalmente, não haverá festa. Apenas motivos para lamentar. 

A Liga também se complicou ao não explicar por que alguns jurados foram trocados na última quinta-feira, uma das justificativas utilizadas pelos baderneiros. Os presidentes das escolas, que também sabiam do fato, não tinham condições de acalmar os torcedores mais exaltados. A polícia, cuja função básica era conter os arruaceiros, agiu com incompetência. Além disso, os policiais estavam em  número insuficiente. E ficou no ar uma suspeita incômoda de tudo isso ser apenas a ponta de um iceberg de fraudes, corrupção e financiamento de dinheiro de origem nebulosa para as escolas. 

São Paulo deu um péssimo exemplo no Carnaval deste ano. E ainda tem gente que torce para a mesma coisa acontecer no Rio de Janeiro. Há algo de podre no reino de Momo. E está bem evidente.



P.S.: Um dos artigos do regulamento fala expressamente em desfiliação da escola caso algum membro desta for responsável por intervenções indevidas na apuração. Como neste caso haveria desfiliações em massa se a regra for aplicada, decidiu-se, por enquanto, não punir ninguém. Eis o trecho:

Capítulo III – Da eliminação
III – Comportamento inadequado por parte de qualquer Dirigente ou Representante da Escola de Samba, devidamente identificado, na concentração, dispersão, durante o desfile ou na apuração, no sentido de pressionar, ameaçar ou agredir a integridade física ou moral de algum membro da organização, LIGA, comissões, jurados, componentes da própria ou de outra agremiação, ou, ainda, os prepostos e empregados da São Paulo Turismo. No caso de comprovação de tal comportamento, a Escola de Samba será sumariamente eliminada do concurso, com a consequente desfiliação, bem como, conforme o caso, sofrerá, ainda, as sanções previstas no Estatuto Social.

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