terça-feira, 10 de julho de 2012

D. Eugênio Sales (1920-2012)


Quando D. Eugênio Sales abraçou o sacerdócio, em 1943, para iniciar uma longa carreira religiosa, o Brasil tinha uma confortável maioria de católicos e o papa era Pio XII, ainda hoje objeto de ira dos israelenses por sua conduta pouco clara a respeito do nazismo e do massacre dos judeus. Estávamos mergulhados na II Guerra Mundial, e o Brasil era uma ditadura. D. Eugênio era um jovem padre em Natal, capital do Rio Grande do Norte, mas nasceu longe dali, na pequena cidade de Acari, a 8 de novembro de 1920.

Durante seu período como sacerdote, D. Eugênio tornou-se bispo em 1954, primeiro como auxiliar e depois como administrador apostólico da diocese de Natal, e finalmente alcançou o cardinalato em 1969. Foi nomeado arcebispo do Rio de Janeiro dois anos depois. Teve de combater a Teologia da Libertação e outras ideologias que misturam catolicismo e marxismo. Ao mesmo tempo, precisou salvar muitas vidas da perseguição política exercida pela ditadura militar, e se preocupava com outras causas sociais, como a miséria. Condenava o comunismo tanto quando o arbítrio, e apoiou a redemocratização "lenta, gradual e segura". Afastou-se do arcebispado em 2001, mas manteve o título de cardeal emérito. 

Na época de sua morte, ocorrida ontem à noite, o Brasil tornou-se um país menos católico, devido à falta de empenho da Igreja Católica em manter seu "rebanho" enquanto o neo-pentecostalismo arrebanha fiéis. Hoje 22% se dizem 'evangélicos', título dado a quem segue as diversas seitas neo-pentecostais. Existem minorias de luteranos, presbiterianos, espíritas, judeus, islâmicos, umbandistas, seguidores do candomblé, agnósticos e ateus declarados, algo normal para um país que agora, pelo menos nominalmente, é uma democracia plena. O papa agora é Bento XVI, que tenta se fazer ouvir num mundo em relativa paz, mas atualmente descrente e temeroso de ataques islâmicos fundamentalistas e outros terroristas, enquanto casos de pedofilia e outros abusos cometidos por sacerdotes maculam a imagem da Igreja Católica.

D. Eugênio contribuiu para manter o bom nome da igreja enquanto esteve na ativa, e é bem lembrado inclusive por pessoas cujo pensamento é totalmente oposto ao dele, como os seguidores do comunismo perseguidos durante a ditadura. Ele continuará a fazer parte da História do Brasil, mesmo após seu passamento.

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