sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mais um tirano se foi

Hoje eu ia falar sobre a campanha desastrosa dos times brasileiros na Libertadores (Palmeiras, Corinthians e Grêmio), com direito até a gols legítimos anulados de forma disparatada pelo trio de arbitragem paraguaio no jogo mais comentado deles - Corinthians e Boca Juniors. O Boca não precisava desse grande auxílio para avançar, já que o time paulista não tinha a mesma postura do ano passado, mas os gols anulados fizeram falta, e muito, e agora a Conmebol, que já tinha péssima fama antes, está com o prestígio nas profundezas abissais, pelo menos aqui no Brasil. 

Eu também ia falar sobre a MP dos Portos, de fundamental importância para diminuir o Custo Brasil. Ainda falta muito para desonerar as exportações, mas é um bom começo. Infelizmente, o governo lançou mão de mais um ato de verdadeira pirataria contra NOSSO DINHEIRO, aprovando emendas parlamentares em troca dos votos necessários para regulamentar a administração dos portos à iniciativa privada. 

Não, eu não ia falar sobre o final daquela porcaria, a novela Salve Jorge...

Esta postagem vai ser dedicada aos comentários sobre um dos maiores inimigos da humanidade do final do século XX: Jorge Videla. O general argentino, ao lado de Pinochet, Fidel, Trujillo, Somoza e, em menor grau, Hugo Chavez e os governantes do regime militar brasileiro, foi um dos maiores opressores da América Latina. 

Jorge Videla (1925-2013)

Após o golpe militar que depõs a populista Isabelita Perón, Videla assumiu o poder em 1976. Deu início a uma série de assassinatos e massacres, torturando e jogando do alto de aviões qualquer suspeito de ser inimigo do governo ou simpatizante do comunismo - o pretexto para se fazer golpes militares aqui nesta parte do continente, em nome do alinhamento com os EUA durante a Guerra Fria. Milhares foram mortos ou desapareceram. Os filhos das vítimas eram sequestrados e adotados por outras famílias. Era a "guerra suja", como ficou conhecida posteriormente. 

Durante seu governo sangrento, Videla tentou alcançar a popularidade com atos chauvinistas, como a publicidade em torno da Copa do Mundo de 1978, ocorrida lá e vencida de forma suspeita pelo time local, graças àquele 6 a 0 sobre o Peru até agora mal explicado. No governo dele as relações com o Chile, então governado por Pinochet, pioraram, a ponto dos dois países estarem à beira de uma guerra. O motivo foi o Estreito de Beagle, no extremo sul dos dois países, importante rota de passagem dos navios mercantes. O conflito terminou, ironicamente, com a mediação de João Paulo II. Um estadista amante da paz para mediar os interesses de dois carniceiros... Com os acordos, as ilhas em disputa naquela região ficaram com o Chile e a parte oriental do estreito passou a ser totalmente argentina. 

Jorge Videla, apesar de sanguinário, não tinha apego ao poder, e em 1981 deixou o cargo para Roberto Viola, que também ficou por pouco tempo. As medidas dos governantes argentinos foram tão atrozes que perderam o apoio dos EUA, que até então deram suporte ao regime em nome do combate ao comunismo. A ditadura argentina conheceria seu fim a partir da desastrosa Guerra das Malvinas (1982), contra a Inglaterra. 

Após a redemocratização, os governos civis trataram de punir os responsáveis pelo derramamento de sangue entre 1976 e 1983. Videla foi preso em 1985, mas indultado por Carlos Menem em 1990, apesar das evidências. Ele voltou a ter sua liberdade restringida após 1998, com os avanços dos processos contra os militares. Ficou sob prisão domiciliar até 2010, quando veio nova condenação à prisão perpétua, a despeito da idade avançada. Hoje ele morreu em sua cela. 

Espera-se que a Argentina, ou qualquer outro país, não venha a passar por isso novamente. Contudo, o desgoverno dos Kirchner está fazendo muita gente ter saudade da "guerra suja". 

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