quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O tempo passa

Ainda temos tempo para ver algo "morrer" antes deste ano cheio de altos e baixos, tal como os gráficos da Bovespa neste ano?

Por enquanto, nenhuma das quatro alternativas (sarcásticas) expostas na postagem do dia 9 estão corretas, mas se aproximaram um pouco mais disso a partir daquele dia.

Lula acumula denúncias, e a última delas é da força-tarefa da Lava Jato, que o acusa de corrupção e tráfico de influência. Não há nenhuma novidade, mas o pessoal está aterrorizado com uma possível reação dos aliados do ex-presidente, que pode aumentar ainda mais a já elevadíssima entropia política no Brasil. E está engolindo um processo feito por ele contra o procurador Delman Dallagnol, por ele ter mostrado uma apresentação em Powerpoint para explicar o envolvimento do "Amigo" (alcunha de Lula dado pela Odebrecht) no grande processo de rapinagem que violentou as finanças públicas.

O STF está cada vez mais em rota de colisão com o Congresso, devido à decisão do ministro Luís Fux, de forma unilateral e atendendo ao pedido de um único requerente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ), para anular a votação da lei anticorrupção e fazê-la tramitar novamente na Câmara, alegando falta de discussão adequada e inclusão de artigos em cima da hora. Mais uma vez os colegas de Fux irão votar pela propriedade da medida, e a tendência é a rejeição, fazendo o "Frankenstein" voltar ao Senado. O resultado é a perda da harmonia entre os poderes, uma exigência da Constituição, e o crescente falta de respeito de um poder pelo outro, e da sociedade pelos dois.

Aliás, pelos três (Poderes). Michel Temer está sentindo o peso da impopularidade e sente que precisa continuar a manter o Planalto sobre seu controle, e isso está mais difícil a cada dia. Agora, o Ministério Público Eleitoral aponta fortes indícios de fraude eleitoral na chapa Dilma-Temer, o que poderá impugnar o resultado das eleições feitas em 2014. Temer foi citado de novo, desta vez por Márcio Faria, outro executivo da Odebrecht que denunciou uma suposta tentativa de facilitar a "colaboração" da construtura em obras da Petrobras, em troca de apoio para as eleições de 2010. Eduardo Cunha também estava envolvido (leia mais AQUI). Temer só poderá ter o mandato interrompido por um processo (improvável) de impeachment ou por ação do STF (idem) a partir do ano que vem, mas as chances de renúncia não são tão diminutas como o establishment gostaria.

O que tem menos chance de acabar antes de 2016, a despeito das fortes impressões causadas pela maior crise da nossa História, é o Brasil. Mas em 2017, a sensação de apocalipse mais perturbadora do que uma sequência de cenas de Walking Dead com milhares de zumbis e o personagem Negan atuando, tem grandes chances de continuar.


N. do A.: Pelo menos o último dos sobreviventes da tragédia de La Union que vitimou o time da Chapecoense e vários jornalistas no dia 29 de novembro (que eu chamarei de 28/11, assim como o 11 de setembro de 2001 é o 11/9), foi trazido para o Brasil. A vida de Neto, assim como a de Alan Ruschel e de Follmann, não se encerrou neste ano, e 2017 será um ano de restabelecimento. Quanto ao time catarinense, também há um período de recuperação em curso, mas a situação é ainda complicada: de concreto só um reforço, o zagueiro Douglas Grolli, do Cruzeiro. 

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