quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

D. Paulo Evaristo Arns (1921-2016)

D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo (divulgação, pelo site da Rádio Vaticano)

Para tornar o Brasil ainda mais triste, D. Paulo Evaristo Arns, um dos mais conhecidos cardeais do Brasil, está morto. 

É até compreensível, devido à idade - 95 anos - mas não se pode deixar de lembrá-lo pelas suas ações:

- Erudito e profundo conhecedor da doutrina. Foi ordenado bispo em 1966 e cardeal-arcebispo de São Paulo em 1970, pelo papa Paulo VI. Aposentou-se compulsoriamente em 1998 por limite de idade e desde então é arcebispo emérito.

- Dedicou a sua vida a oferecer conforto espiritual aos mais pobres, seguindo à risca a doutrina cristã. 

- Intercedeu pelo que ele considerava ser os excluídos da sociedade, desde os indigentes até os sem-terra (numa época em que eles eram vistos como participantes de movimentos sociais e não de instrumentos políticos do PT como agora). 

- Ajudou a fundar as Comunidades Eclesiais de Base, como membro da Teologia da Libertação, para atender aos mais carentes (e que poderia servir como meios para divulgação de ideologias estranhas à doutrina, pois a grande maioria dos teólogos da libertação foi influenciada pelo marxismo, mas prelados conservadores como D. Eugênio Sales também atuaram junto às Comunidades). 

- Atuou pelo diálogo entre os católicos e outras religiões, principalmente com os israelitas. 

- Enfrentou com coragem, mas com habilidade, todos os que se opuseram ao seu pensamento, inclusive a Congregação para a Doutrina da Fé, chefiada pelo cardeal Joseph Ratzinger (atual papa emérito Bento XVI) na década de 1980, contrário à Teologia da Libertação. O teólogo Leonardo Boff, condenado ao "silêncio obsequioso" por Ratzinger (com o respaldo do papa João Paulo II, que também não tolerava misturar a doutrina cristã com o materialismo socialista), foi defendido por Arns, que contribuiu para o teólogo, notório simpatizante do marxismo, não receber uma pena mais severa. 

- Agiu de maneira decisiva contra a ditadura militar, protegendo muitos perseguidos políticos, denunciando os "esquadrões da morte" e rezando uma missa para o jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado em 1975. Também, em pleno regime militar (1973), mandou divulgar boletos com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento da ONU feito em 1948 e do qual o Brasil ainda era signatário. 

- Apoiou o trabalho missionário da irmã, Zilda Arns, cuja vida foi dedicada principalmente às crianças mais pobres, fundando a Pastoral da Criança; Zilda Arns pereceu no terremoto que devastou o Haiti em 2010.

D. Paulo Evaristo Arns é daquelas pessoas que não podem ser esquecidas.


N. do A.: Em meio a tantas notícias amargas, um alento: o Senado aprovou projetos de lei que limitam os super-salários, esta praga que corrói o NOSSO DINHEIRO e cria uma casta de privilegiados nos Três Poderes. Como muitos juízes que embarcaram na defesa da Operação Lava Jato recebem bem mais do que um ministro do STF - e isso é uma aberração - o presidente do Senado Renan Calheiros, um dos principais alvos dos investigadores, resolveu combatê-los para enfrentar a Operação e, ao mesmo tempo, conseguir aumentar sua popularidade em Alagoas e no resto do Brasil, fazendo os colegas aprovarem as leis. Como resultado, a medida, longe de ser uma ameaça à Lava Jato, vai acabar contribuindo para corrigir, pelo menos em parte, uma distorção secular. 

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