segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Uma canção ainda atual

Para não ficar concentrado em poucos assuntos, vou escrever sobre uma canção, fruto do tempo em que havia a MPB, a música popular brasileira digna desse nome. 



Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos

Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida

Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço

Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias

Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai, não fica nada.

Ivan Lins criou a música na década de 1970 e Elis Regina a interpretou, brilhantemente. Aliás, a "Pimentinha" ganhou uma cinebiografia ainda em cartaz. 

A música lembra a atual situação política, onde caciques políticos viraram alvo da Lava Jato por participarem do maior esquema de corrupção jamais registrado no Brasil. O PT, principal responsável pela roubalheira que corroeu o país, pode ver seu grande líder, Lula, preso a qualquer momento. Porém, o atual governo, formado por muitos aliados dos petistas, não está nada tranquilo, ainda mais após as denúncias de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente da Odebrecht, que citaram Renan Calheiros, Romero Jucá, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e, o mais grave, o presidente Temer, que teria recebido R$ 10 milhões supostamente não contabilizados. Antigos oposicionistas agora no governo, como Arthur Virgílio e o atual presidente da Câmara Rodrigo Maia também foram denunciados. Muitos deles podem ser incomodados pela Polícia Federal, e cresce o temor da queda do governo Temer antes de 2018.

Também lembra, embora mais superficialmente, a queda do Internacional, um dos grandes clubes brasileiros, que irá jogar a série B do Brasileirão. O fato, bem menos grave do que o cataclismo político, ainda consegue disputar a atenção na mídia, além de render muitas piadas, principalmente vindas de gremistas e outros times que não aceitaram a postura do time gaúcho, acusado de tentar permanecer na série A por via judicial (o "tapetão") e comparar o seu drama pessoal com a tragédia da Chapecoense, rendendo-lhe o atual status bem pouco invejado de "time mais odiado do Brasil".

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