sábado, 10 de dezembro de 2016

Processo de 'impeachment' na Coréia do Sul

A presidente da Coréia do Sul Park Chun-hye foi afastada pelo Parlamento, após ser acusada de corrupção e tráfico de influência. 

Desde o ano passado, ela é alvo da ira popular, enquanto sua amiga Choi Soon-si era investigada por desvio de US$ 70 milhões, obtidos à custa de empresas sul-coreanas, para "financiar" suas organizações não-governamentais. Choi teria envolvimento também numa seita xamanista, e se aproximou da presidente quanto a mãe dela foi assassinada por um espião norte-coreano, em 1974. Seu pai era o ditador Park Chung-hee, então governante do país, também assassinado (1979). Por essas características e pela influência no governo de Chun-hye, Choi era apelidada de 'Rasputina'. 

Em abril de 2015, ela visitou Brasília, encontrando-se com Dilma Rousseff, naquela época também alvo de protestos e vista como um fantoche do ex-presidente Lula, numa curiosa semelhança entre as duas governantes. Meses depois, o povo protestou em Seul e outras grandes cidades. O antigo primeiro-ministro, Lee Wan-koo, também alvo de protestos por corrupção, foi obrigado a renunciar apenas três meses depois de sua nomeação pela presidente, poucos dias após a visita de Chun-Hye ao Brasil, para dar lugar a Hwang Kyo-ahn. 

Com o processo de impeachment aberto, por 234 a 56 votos do Parlamento, Park foi, desde ontem, suspensa de suas funções, entregando as atribuições de chefe de Estado para o primeiro-ministro. Cabe à Corte Suprema dar a palavra final, e ela pode levar até 180 dias para se pronunciar. Caso seis dos nove ministros do Judiciário coreano votarem pelo "sim", a presidente será definitivamente afastada. 

País também de desenvolvimento recente, a Coréia do Sul tem semelhanças demais com o Brasil, inclusive nos escândalos políticos. Na foto (divulgação), Park Chun-hye

Por ora, Chun-hye limitou-se a se desculpar, sem vociferar contra um suposto "golpe". Esta é uma grande diferença em relação ao contemporâneo processo de afastamento ocorrido por aqui, mas não é a única. O montante desviado foi muito menor (por aqui a roubalheira ultrapassa em muito a casa do bilhão de dólares), mas é o suficiente para constatar que a rapinagem de políticos não é um mal exclusivo de países ditos "de Terceiro Mundo". 


N. do A.: A Coréia do Sul veio a se tornar um país desenvolvido há cerca de 20 anos, após um período acelerado de crescimento econômico, graças aos investimentos em saúde, infra-estrutura e, principalmente, educação. Tudo o que o Brasil não fez, ficando condenado a períodos de crescimento econômico relativamente modestos, alternados com a recessão, enquanto temos de conviver com escolas e postos de saúde indignos de serem considerados como tal, condenando o povo brasileiro ao subdesenvolvimento e à ignorância. 

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