terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Trump e Dória

Dória (direita; Folhapress) é tão semelhante a Trump (Reuters)? Nem tanto!

Muitos comparam o presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o prefeito de São Paulo João Dória Jr. São outsiders, criados fora da política. Bem-sucedidos. Ricos. Apresentaram programas de TV e demitiram candidatos na telinha em O Aprendiz. Perfis empreendedores. Criticados mais pelo que supostamente fariam ao longo de seus mandatos do que por suas realizações até agora - pouquíssimas, é claro. 

Os opositores de ambos adoram lembrar essas semelhanças, mas eles têm ainda mais diferenças. 

Dória não vai murar a cidade dos vizinhos pobres, nem barrar a entrada de nordestinos e outras pessoas vindas de fora.

Seu estilo mostra ser bem mais cordato do que o do presidente americano, sem tantas fanfarronices e decisões intempestivas. No seu discurso de posse, ele falou em diálogo, embora ainda muitos achem que ele vai tomar muitas decisões unilaterais, enquanto Trump não quer saber de conversa com os opositores e quem discordar dele.

Ele não utilizou discursos de ódio contra minorias para ganhar a eleição e nem se atreveria a afrontar as militâncias organizadas, principalmente feministas, homossexuais e negros, enquanto Trump não parece nem aí com elas. 

O prefeito tem mais apreço pelos outros Poderes, por isso teve de esperar a decisão da Justiça para sancionar o aumento na velocidade das marginais. Isso num lugar onde os abusos de poder são muito maiores do que nos Estados Unidos, o país governado por Trump.

Por outro lado, Trump não se vestiu de gari ou de qualquer outro trabalhador para mostrar serviço. Fora isso, ganha fácil em ousadia e taxa de cumprimento de promessas (até agora), desfiliando com uma canetada o seu país do Tratado Transpacífico, como prometera na campanha; o tratado era fortemente criticado pelos republicanos como ineficaz contra o crescente poderio chinês. Não mandou apagar nenhum grafite com tinta cinza - isso é atribuição das cidades e das townships (equivalentes aos municípios), as quais certamente mandarão usar outras cores. E não é de fazer acordos políticos para agradar líderes de partidos, mesmo porque os Estados Unidos só têm dois importantes, e o Brasil tem inúmeros - os quais não merecem ser considerados realmente como partidos - e Trump não tem apreço nem pela sua própria agremiação.

Por aqui ninguém tem certeza se Dória vai perder o mandato. No mundo, muita gente está convicta de que Trump não ocupará a Casa Branca até 2020.

E quase ninguém fora do Brasil (nem muita gente dentro dele) ouviu falar de João Dória Jr. Sobre Donald Trump, muita gente conhece (a grande maioria só pensa que conhece). 

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