terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Janeiro ditará o ritmo de 2017?

Massacre nos presídios, morte de Teori Zavascki, Eike Batista, violência, desastres, terrorismo, guerras, economia fraca, dengue, zika, chikungunya, a volta da febre amarela e o começo do governo Trump, com tudo o que ele conseguiu fazer em apenas 11 dias de governo: muro na fronteira, leis anti-imigração, ameaça de listar os aliados que não votam com os Estados Unidos na ONU, conflitos com os democratas (e logo será com os republicanos históricos, também) e com os pensamentos liberais e progressistas (chamados de 'esquerdistas' pelos simpatizantes do presidente americano) do mundo todo. 

Se depender só dessas notícias, no final de 2017 sentiremos inveja do Saccorhytus coronarius, o bichinho que vivia há 540 milhões de anos, muito antes dos dinossauros, dos peixes mais primitivos, dos mais antigos pepinos do mar, enfim, de todos os vertebrados e dos equinodermos conhecidos. Pelo menos ele só se preocupava em sobreviver e se esconder entre os grãos de areia, e não em corrupção, roubalheira, epidemias e governos alheios.

Essa criaturinha esquisita foi considerada a ancestral dos vertebrados (Divulgação/Universidade de Cambridge)

Mas calma lá: a vida desse ser do tamanho de uma cabeça de alfinete (cerca de 1,2 mm) não era assim tão tranquila, pois estava bem longe do topo da cadeia alimentar daquela época, onde já existiam escorpiões gigantes e outros "monstros", e qualquer corrente de água o arrastava contra a sua vontade. 

O jeito é aguentarmos o que vem pela frente como seres humanos capazes de nos adaptarmos às adversidades, e não como criaturas minúsculas e indefesas que se extinguiram logo para dar lugar a outros seres.

Agora, vem a resposta para a pergunta do título: não, janeiro raramente dita o rito do resto do ano. Historicamente, o mês é muito curto para lançar tendências. Poderemos ter acontecimentos em geral menos traumáticos. Donald Trump, que começou seu governo com um estusiasmo ímpar, pode adotar medidas menos radicais e mais embasadas na realidade dos Estados Unidos e do mundo. O Brasil pode, principalmente no segundo semestre, voltar a crescer economicamente, e não permanecer no marasmo, decorrente dos anos recentes. A Operação Lava Jato pode diminuir seu ritmo (o que seria ruim) ou incomodar de verdade muita gente que está ou esteve no poder, com prisões e cassações de mandatos (e isso tornaria a vida no Brasil ainda mais agitada do que foi em janeiro).

Oh, sim, e temos notícias boas também num mês não de todo condenável: a Bovespa se valorizou bastante - 6,76% - e os níveis dos reservatórios de água em São Paulo, devido às chuvas em volume acima da média histórica, voltaram aos níveis de 2012 e 2013, antes da crise hídrica, bem antes do que se imaginava. 

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