O Brasil não é um daqueles países terminados com -istão, e nem aquela terra onde está o Trono de Ferro, tão cobiçado pelos representantes dos Sete Reinos.
Infelizmente, também não está muito longe de se parecer com nenhum desses locais fictícios. Nunca se passou por uma turbulência tão grande na história deste país, nem mesmo em 1964, data do golpe militar que implantou um regime de exceção no país. Os períodos das guerras pela independência (início do século XIX) e as inconfidências mineira (1788) e baiana (1798) foram muito mais tranquilos.
Pelo menos as instituições estão muito mais sólidas do que nessas datas. Até quando?
Michel Temer está se mantendo no poder, mas as reformas trabalhista e previdenciária estão ameaçadas com ou sem ele, que não consegue mais convencer a base aliada como antes. Ainda existe o perigo chamado Joesley Batista, o dono da Friboi, e o "homem da mala" Rocha Loures ainda não abriu a boca. Nem o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, ainda na prisão. Somam-se a isso tudo os depoimentos de Lúcio Funaro, ex-corretor de valores e agora preso no complexo da Papuda, em Brasília, por corrupção, acusando Temer e Moreira Franco de usarem recursos do Fundo de Investimentos do FGTS para beneficiar a BR Vias, dona da Gol, e a LLX, cujo sócio é Eike Baptista.
A situação do ex-presidente Lula poderia ser mais confortável, ainda mais porque Edson Fachin retirou investigações contra ele relacionadas à Odebrecht das mãos de Sérgio Moro, alegando incompatibilidade de foro, ou seja, as ocorrências devem ser investigadas nos locais dos delitos (São Paulo e Distrito Federal), não em Curitiba. Não é, porém. Lula pode não se livrar de Moro, por causa de nova denúncia de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, a respeito do triplex no Guarujá. O ex-executivo disse que o imóvel foi oferecido como propina.
Postulantes à Presidência da República em caso de destituição de Temer também mostram ser tão digeríveis como chumbo quente. Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, os próximos da linha de sucessão, estão querendo recriar o "distritão", para 2018, ao lado da lista fechada, esta considerada inevitável. Regiões muito grandes e até Estados inteiros podem virar "distritões", acabando com os "puxadores de votos", mas aumentando o risco de candidatos sem voto suficiente, fazendo uma porcentagem enorme de votos válidos ser simplesmente desconsiderada na hora de escolher os candidatos. Ou seja, eles podem matar a democracia em nome dela e aumentar ainda mais o risco de uma kakistocracia, o governo dos piores (se não estamos em uma...). Além disso, eles parecem não ter um perfil muito favorável para a implantação das reformas.
Fora isso, não temos outras opções à vista, numa implantação (pouco provável) das eleições diretas. Marina Silva provou sua fragilidade ideológica e pouca sintonia entre o que ela é capaz de implantar e as reais necessidades do povo. Jair Bolsonaro é um extremista amalucado seguido por pessoas apelidadas de "bolsominions" pelos detratores dele. Aécio Neves, mesmo se escapar da prisão pelo STF, é praticamente um ex-senador politicamente moribundo.
Jesus Cristo tem outras ocupações a fazer, e não pode se ocupar só do Brasil. Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck não podem ser ressuscitados. Os problemas do Brasil não poderiam ser resolvidos, a curto prazo, por Sérgio Moro, Carmem Lúcia, Gilmar Mendes, Barack Obama, Donald Trump, nenhum deles.
A única entidade que pode fazer o Brasil ficar longe da imagem de um Bananistão ou Westeros, neste clima de anomia (pelo menos até 2018) é o povo, por meio do trabalho e da vontade de melhorar este país sem depender tanto dos políticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário